Ontem na feira de velharias do Montijo, encantei-me com um prato de artesanato em cerâmica do Redondo, Alentejo, por se mostrar numa decoração rara, habitualmente privilegiam a pintura de paisagens alentejanas com as searas, sobreiros e azinheiras, casario baixo com grandes chaminés, e variedade de flores. Encantei-me pela pintura azul, pelo rosto feminino central que logo me reportou para os" pré ratinho do Brioso "em Coimbra...Faiança belíssima e caríssima, no mesmo modo para os ditos aranhões-, afinal decorações do século XVII. Dificilmente adquiro uma peça em artesanato de olaria, comprei há mais de 30 anos em Santarém, no primeiro festival gastronómico, a um oleiro algarvio dois belos pratos, um que ainda tenho com a típica casa alentejana,o seu forno e a piteira pela frente( porque me faz lembrar do episódio no 5º ano, que ninguém da turma sabia o significado de piteira empoeirada na beira da estrada -, e claro a professora mandou que todos escrevessem 50 vezes o que dizia no dicionário ...planta da família das amarilidáceas, de folhas espessas, carnudas, fibrosas e espinhosas, subespontânea em Portugal que se vêem nas ribanceiras das estradas ...Comprei ainda outro prato com uma aldeia e igreja que ofereci à minha irmã.
Este porém ficou preso ao meu olhar por esta reprodução ser rara .
Pintura monocromática a azul sobre creme fosco, visível os contornos da pintura que o pintor incutiu ao desenho e se destacam no prato, sendo que a aba se apresenta decorada com os caraterísticos ditos aranhões, intervalado por ramo de flores. Ao centro o rosto em grande plano de uma mulher, sendo que o pintor/oleiro quis deixar a sua marca (?) ao ornar ao limite da testa, flores e abaixo, algo que não consigo decifrar, mas parece a pressão do dedo polegar com o indicador segurando duas alianças(?) seria para um pedido de casamento? O tocado do cabelo o ornou com um animal/inseto, centopeia (?) e ao limite do colo com uma ramagem e do covo com um filete fino.
A bela faiança de Coimbra, o mote inspirador do artista, supostamente algum prato viu quando os "ratinhos" os levavam nas arcas para as ceifas, e os deixavam a troco de roupa usada, por haver pouca loiça no Alentejo,porque a compravam baratíssima nas feiras das suas terras.
Um exemplar verdadeiroTardoz revela ser antigo feito na roda do oleiro e cortado com arame, dito por um freguês que foi oleiro e tentava vender uma cabaça ao vendedor...
Assinado Redondo Portugal e as letras do pintor, faltou-lhe o ano!
Diz-me o meu marido, a nossa prenda de Natal -, vamos pô-lo ao meio da chaminé da casa de...está pesada só com cantão popular, vai ficar giro centrado ao meio, quando se olha lembra logo o Brioso...
Pois lembra!
Nenhum comentário:
Postar um comentário