- A faiança de Coimbra do século XIX julgo nunca foi muito estudada e deveria.
Ora nesse espaço de tempo -, que é grande, havia muita laboração de cerâmica em Coimbra , em meados do séc XIX haviam 14 fábricas em laboração, sendo 7 de barro branco e o
mesmo número de barro vermelho. Acredito devia ser régio cada uma delas
ter o seu preceito de pintura em determinado período de tempo, só inovado
com mudança de novos pintores, também do preceito do fazer as tinas das
cores -, se havia fartura ou não de produtos para as fazer, e ainda as
novas decorações que viam e copiavam, além de novas técnicas quer de
fabrico, pintura e cozedura. Se juntarmos as várias técnicas diferentes de fazer as peças fosse à roda ou em formas -,fácil é concluir que se apresentam com texturas diferentes e de peso, homogeneidade e substanciais diferenças no esmaltar e num perímetro substancialmente pequeno da cidade .
Tudo porque o fabrico era em série para escoamento das feiras, realizar dinheiro.
Depois, não é vergonha nenhuma hoje se aventar uma atribuição, e mais tarde com mais estudo mudar de opinião. A faiança é uma ciência viva que estará sempre em constante mutação -, por isso é o maior desafio e fascínio que ela me dá a cada dia, sem dúvida apaixonante.
- Por isso a diversidade e a difícil catalogação atendendo ao fabrico de faiança em série -,só em períodos específicos de produção com o Brioso e o Vandelli foi mais aperfeiçoada segundo os especialistas.
- Tomo como exemplo duas peças com o mesmo motivo, uma assinada e a outra não, e com poucas semelhança -, quem as aprecie na maioria são levados a dizer que a não marcada não será da mesma fábrica...e, o fato é que podem ser as duas. Porquê? Não se pode descuidar o que atrás foi escrito: analisar a época de fabrico -, cada fábrica laborou X anos, durante esse tempo pintou vastamente um motivo de formas diferentes ( galos, flores, peixes, cantão, casario) atendendo aos ingredientes usados nas cores -, abuso de mais cobalto, ou menos, até de novos pintores, do tipo de esmalte usado, mais melado ou menos ,mais estanho ou não, do tipo da cozedura, do tipo de lenha, se o forno estava quente demais...enfim...muitos SeSeSeSeS....
Depois, não é vergonha nenhuma hoje se aventar uma atribuição, e mais tarde com mais estudo mudar de opinião. A faiança é uma ciência viva que estará sempre em constante mutação -, por isso é o maior desafio e fascínio que ela me dá a cada dia, sem dúvida apaixonante.
- Hoje apresento três peças
Prato de grandes dimensões-,34 cm. Sejam os escorridos do esmalte no tardoz, o esmalte, a decoração, a textura ,homogeneidade, e as cores aventam para fabrico de Coimbra.
Apresenta-se "estalado" possivelmente pela aranha de arame muito mal feita que trazia.
Agora a "estória" do prato...viu-o juntamente com outro do mesmo tamanho na feira de Oeiras-, o meu marido não gostou deles e claro não os comprou. Fomos à praia, ao sol arquitectei um plano para conseguir comprar um pelo menos-, na verdade tinha gasto quase todo o meu dinheiro na feira...assim quando decidimos ir almoçar eu disse que queria ir almoçar a outro lado que não aonde ele pretendia ir...claro sem chatices deu-me o dinheiro. Almocei e em correria fui à feira e comprei o prato!
Ornado perto do limite do covo e no rebordo por filete fino em manganês.Dois filetes mais largos em azul limitam uma decoração esponjada na aba e no covo bastante pronunciado.
Voltei da feira feliz com o prato na mão, fui ter com ele que ainda esperava pelas favas...disse-lhe que tinha poupado no almoço para comprar o prato...
Depois porque estava calor fizemos o que a maioria tinha feito-, escolher uma sombra de palmeira onde nos deitámos na relva do jardim. Entretanto mostrei o prato e gostou dele-, no imediato reforcei que tinha ficado com pena de não poder trazer o outro...levantei-me num instante quando disse, vamos voltar à feira...
Voltámos, e comprou-se o prato!
- Pedi desconto...que não me fez, claro lancei uma "praga, sendo gordo... Deus queira que engorde mais um quilo..." até o Nuno outro vendedor que estava ao lado se riu!
Ao centro um ramo de flores em azul e ramagem verde ladeado em circulo a manganês e outro mais largo em rosa velho que no inicio da aba se repete. A aba em esponjado castanho claro
Este prato trazia também a aranha muito mal "enjorcada" vinha colado com cola de contato na aba...tive de o descolar e tentar fazer o melhor.
Estes pratos de grandes dimensões são extraordinariamente belos pela grandeza e imponência. Davam-lhe o nome de prato de Casamento e neles ia a oferenda, fossem chouriças, queijos,talego de farinha, milho ou...
Não eram pratos de uso diário, só em casamentos a servir de travessas, o hábito de os emprestarem. Nas casas mais abastadas no verão nas eiras quando o pessoal andava de roda da debulha do trigo ou do milho vinham pela tardinha com um prato destes cheio de arroz doce de onde todos na sua roda o comiam.
- Estes pratos nunca foram usados. No azul vou oferecer um arroz doce quando fizer uma festa na casa rural! E no outro alguma coisa há-de ser.
Apresenta decoração floral com ligação por grinaldas pintado a estampa em azul ao centro e aba.
- Quanto ao fabrico tanto pode ser
Fábrica de Joaquim Alfredo Pessoa
Fábrica das Lages de António Benito
Perguntam e bem, o porquê?
- Porque estas três fábricas produziram loiça recortada no rebordo-, não sei se mais!

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O tardoz é muito semelhante aos grandes na forma como evolui do fundo para o covo e aba |