Florões a azul cobalto e amarelo ocre na barra sob filete em amarelo canário e filete vinoso no rebordo.Ao centro flor em verde ornada a filamentos em amarelo canário com a particularidade de em baixo o raminho se fechar . À volta do motivo central 3 filetes em amarelo sob uma barra estampilhada em manganês.
Comprei há anos este prato na Costa de Caparica - o vendedor um homem de artesanato em prata trazia alguma loiça e dizia que era da filha - no caso trazia este e outro prato igual, bem teimou para trazermos os dois, só trouxe este porque foi caro na altura.
- Quando o limpava nestes dias reparei que no tardoz tem marcado a azul um "V" incompleto do lado direito e um "v" pequeno esborratado ao meio do lado esquerdo.
- Visível os tracinhos do "V" grande como era feito à antiga - faltando contudo a parte de baixo.Mas pode ser da cozedura que o prato colou noutro e...
Aqui vê-se a letra "v" em pequeno
A fábrica de Darque em Viana do Castelo foi fundada em 1774 por João Araújo Lima e sócios por haver muitos barreiros em Alvarães que misturavam com barro e areia de Lisboa que vinha de barco até ao porto de Viana.
Apresenta as suas marcas a cores diferentes : azul; amarelo e cor de vinho escuro.
A polícromia de Darque é intensa - sem violência: azul ;verde;amarelo canário; laranja e violeta.
Produziu grandes pratos os maiores - desde os 30 a 40 cm de diâmetro e, em geral perfeitamente desempenados.
Houve 3 períodos distintos de fabrico em Darque. A fábrica laborou 80 anos.
1º período - segundo José Queiroz " parece ser verossímil o 1º mestre ter vindo da fábrica real do Rato pela utilização da faixa caraterística de RUÃO com a qual rivalizou".
2º período - vastamente usada a corda no rebordo recortado dos pratos com serilha .
3º período - o áureo -, atinge elevado grau de perfeição, além da decoração vulgar de ornatos e flores, criou um tipo decorativo notável pela originalidade dos desenhos e pela combinação harmónica das cores, de aspeto cativante e sem precedentes.
A pergunta é: Poderemos considerar este prato faiança desta fábrica de Darque (?).
A minha inclinação para Darque:
-Tripla de filetes em redor do centro
- Filete largo no rebordo a amarelo canário
- Manganês neste tom foi usado no norte além de Coimbra
- Marcas no tardoz - reconheço que em muitos pratos existem manchas de tinta no tardoz - seja no ato da cozedura -toques nas trempes com outros, ou de mãos do pintor. Contudo as deste prato parecem muito reais embora com as deficiências que se notam a olho nu e a ser como diz o Jorge Saraiva, muito bem fundamentado o seu comentário e plausível - de outras que lhe estariam sobrepostas - faz sentido se as outras peças estivessem marcadas com "V"...a pintura fresca pintasse este prato(?)
Resta-me uma dúvida: Tendo a fábrica laborado apenas 80 anos - fechou em 1854 - precisamente se não me falha a memória a introdução da estampa a stencil em Portugal .
Sendo este prato pintado em estampa...
- Seguramente fabrico do norte o pormenor de fechar o laço no ramo uma caraterística usada no cantão popular da fábrica Cavaco de Gaia.
- O tom verde
Olá MAria Isabel, obrigado pela sua partilha deste exemplar bonito e colorido. Acho bastante peculiar por a estampilha da beira (azul/amarelo) não ser simétrica, o que é invulgar, de um lado contém folhas redondas e do outro folhas pontiagudas. Quanto às marcações visíveis no bordo inferior, podem não ser propositadas, quando eram pintados ficavam em tábuas separados, mas depois ao enforná-los nas caixas que iam ao forno, eram empilhados com trempes ou pés de galo (refractários) a separá-los e no momento de os posicionar poderia o de cima tocar no de baixo, mas é uma mera suposição.
ResponderExcluirGrande abraço, jsaraiva
Olá Jorge Saraiva. Muito obrigado pelo seu comentário.Sei do que fala - tenho vários exemplares com manchas de tinta no tardoz - mas estas são vem visíveis.Acrescentei o post na eventualidade de se tratar de loiça de Vilar de Mouros...
ResponderExcluirBeijos
Isabel