Foi o Programa Visita Guiada ao Forte de S João Baptista na Foz do Douro no Porto que vim a correlacionar o motivo vastamente pintado no norte - torre com cúpula ou adoçada a casario, desconhecendo qual o monumento que foi inspiração. No local foi construído há 500 anos uma igreja e um palácio por ordem de D. Miguel da Silva por artista italiano teria vindo com ele quando deixou Roma onde era embaixador e na urgência a ser chamado por D. João III a Portugal que o colocou Bispo em Viseu e abade do mosteiro de Santo Tirso.
Forte de S. João Baptista também conhecido como Castelo de São João da Foz, construído a rodear o palácio e a capela mor onde sobressai a cúpula da igreja.
Vista do palácio de D. Miguel da Silva
Corpo da igreja e ao fundo a capela mor com cúpula
Após a restauração de 1640 o receio de invasão espanhola foi decidido neste local fazer um forte, tendo sido destruído a abóbada do corpo da igreja ficando apenas a capela mor com a sua bela cúpula - onde se correlaciona a pintura da faiança que dizemos do norte nas fábricas de Gaia - Fábrica Cavaquinho 1775- Santo António do Vale da Piedade 1785- Afurada 1789- Fábrica da Rasa 1806 - Fábrica das Regadas 1811 - Fervença 1824 etc e Fábricas do Porto - Massarelos 1764- Miragaia, 1775 ,segundo o estudo do meu bom amigo Dr Edgar Vigário publicado em
https://www.academia.edu/17487186/Dois_s%C3%A9culos_de_faian%C3%A7a_portuguesa
Nos últimos anos tenho feito aprendizado a despertar para investigação de raiz histórica, assim que ouvi o nome - D. Miguel da Silva filho dos Condes de Portalegre em o associar na sua linhagem a parentesco com Ansião e vilas dos arrabaldes, facto extraordinário, antes nunca explorado, a marcar a brutal e grande diferença de historiadores e investigadores afirmados, em prol de autodidatas, quiçá mais apaixonados e de entrega a estas causas em lhes fazer correlação, e sem modéstia orgulho e vaidade de o dizer, pese sem peneiras! É notável. Além de coragem, é preciso enfrentar o medo de errar e de comentários menos abonatórios, nada que me impeça de continuar!
Na família de D. Miguel da Silva, entre os seus tios e primos paternos encontramos essencialmente Alcaides e Senhores de uma nobreza de província na faixa nascente do Alentejo - Portalegre, Alter do Chão, Elvas, Campo Maior, e Beiras - na região centro- Senhorio de Abiul do tempo dos Silva/Coutinho e depois Telo/Menezes a Rui Mendes de Vasconcelos, Senhor de Figueiró dos Vinhos e Pedro de Sousa Ribeiro de Vasconcelos, alcaide-mor de Pombal, cuja família teve um solar em Santiago da Guarda, em Ansião, hoje Complexo da Casa Senhorial dos Condes de Castelo Melhor, que em 1955 ainda existia a parede de ligação à torre medieval com o brasão da família e depois derrubada, em levantar o véu da minha investigação sobre os parentes próximos nobres com Ansião...
Santiago da Guarda em Ansião
Fotos gentilmente cedidas pelo meu bom amigo JCMarques do Avelar referente ao inventário artístico de Matos Sequeira de 1955 com o portal encimado pelo brasão e inscrição no lintel.
Em baixo já com a parede derrubada, e hoje na requalificação ostenta um portão de ferro moderno- em que a DGPC na sua classificação em monumento nacional se tivesse lido o inventário artístico bem poderia ter equacionado a reposição da fachada com replica do brasão e do pilarete, em mais se aproximar do que foi no passado...Uma questão de visão na preservação do património!
Faiança portuguesa nas mais variantes demonstrações da capela mor da que foi a igreja do paço de D Miguel da Silva (Menezes)
Cúpula no forte de S.João Baptista no Porto a inspiração na faiança nortenha, vaidosa por descobrir a motivação inspiradora ao motivo retratado na faiança a que acresce a ligação a ter sido um ilustre nobre parente de Ansião com ligação ainda à Quinta das Lagoas no tempo que foi pertença da família Noronha.
Prato de grande dimensão veio do Porto
Aparece a torre com cúpula adoçada a casario, logo me despertou para saber a que monumento se referia, debalde só alguns anos com o programa se esclareceu a dúvida.Nunca tive dúvida que era produção do norte pela pintura a cheio da folhagem entre outros pormenores pintado na altura da guerra liberal, ao tempo por ali deserto, temos de nos abstrair d'hoje para entender como o era para aparecerem animais em que se acresce a ingenuidade dos pintores, uns melhores que outros, mas todos a pintar esta cúpula da capela mor da igreja do palácio de D. Miguel da Silva, conhecido pelo forte de S. João Baptista.
A segunda aquisição de um prato de grande dimensão que encontrei no Pinhal Novo, apresenta decoração quase abstracta
Destaca-se a cúpula, um homem com um animal e ao meio o portal.Miragaia?
Portal actual de acesso ao forte
Terceira aquisição num antiquário de Lisboa, disse-me que a "Floribela" tinha levado outro igual... com a capela mor em pintura muito ingénua. Produção Miragaia?
Encontrei esta travessa muito mal tratada em Coimbra, há anos tinha visto outra impecável na Caparica, mas muito cara, julgava ser produção de Coimbra do tempo de
Domingos Vandelli, debalde pelo barro e motivo é norte e tem a mesma cúpula com o términos.Teria sido produção da sua fábrica Carvalhinho depois que se mudou de Coimbra onde os franceses lhe arrasaram a fábrica do Rocio de Santa Clara.
A última aquisição foi vendida em Estremoz, será produção de Miragaia?
Mais uma achega histórica na ligação às Coisas que eu Gosto- História, Ansião e Faiança, a partilhar conhecimento e cultura na interligação de gente nobre onde Saber é Poder pela grande lacuna e contínua falta de mais se indagar em gente com ganho de honorários em licenciatura especializada debalde rara produtividade que se assinale de valia!Faz pensar!