Começo por pedir desculpas pelas fotos - tiradas na via pública enquanto esperava o meu marido e com ele o carro - comprada na feira da ladra...a um preço de saldo - só tinha uma nota na carteira, com ela paguei apenas um terço daquilo que o vendedor inicialmente pedia - não pude recusar - perante o mau humor do meu marido - virou-me as costas e em voz forte ditou raios e coriscos - da feira saímos apressados- ele com a bacia, eu com o lavatório em ferro forjado nas mãos toda a descida até Sta Apolónia sempre a resmungar - eu caladinha -" não falasse o cu que da boca também não!"
Faiança atribuída a Coimbra finais do século XIX pintada à mão em reservas, volúpias? em azul. Motivo já pintado desde o século XVI.Numa feira vi um prato coberto com esta mesma pintura e na massa tinha o número
"3" impressa.Podia ter pedido para registar a foto...há momentos que não sei porque reajo assim.

Esta bacia herança do meu marido - possivelmente saiu da mesma fábrica - desenho
em estampilha também azul e gomil mas mais pequena.
Grandes sempre
vi várias sem policromia - em esmalte branco - mais claro ou escuro e
buraquinho para sair a agua direta ao balde.
Curiosamente tantos anos em feiras e tantas peça em faiança vista - é a 2º vez que vejo este desenho.
Há coisa de um mês, acompanhada com a minha boa amiga homónima Isa Saraiva vimos nesta feira parte superior de uma PENIQUEIRA - esmalte brilhante e azuis maravilhosos ( imaginem um funil sem o bico cujo tardoz em pasta "crua" carateristica de travessas em porcelana chinesa cujo fundo não apresenta esmalte- o preço caríssimo sem o ser .Hoje temos de ponderar prioridades. Ficamos ambas tristes de não a poder comprar!
Apresento esta escarradeira da minha coleção para poderem perceber o que digo - não tem frete - é lisa igual ao tardoz da peniqueira - o que indica que possivelmente as duas peças saíram da mesma fábrica de Coimbra - já que a decoração - hera - é uma carateristica.
Esta foto mostra o fundo de uma travessa em porcelana chinesa que comprei toda partida por 1€...
Para se analisar a analogia da técnica de fabrico que pelos vistos em Coimbra também proliferou.
Na semana seguinte voltei na ilusão de a voltar a ver e, fotografar ( tola - então quando a vi - nem me lembrei que tinha a máquina na mala) - a vendedora não apareceu - ontem não a tinha na banca , nem fui capaz de perguntar se já a tinha vendido, logo abaixo apareceu-me o lavatório em ferro forjado cuja bacia me chamou pelo mesmo desenho embora numa tonalidade mais baça- contudo igual.
Contudo Deus compensou-me...apesar da outra peça ser de inegável valor - impecável, cujo brilho irradiava descobertas de perder o norte...senti - que bem ficaria num Museu ou quem apreciei este tipo de faiança!
Tardoz de esmalte translúcido com buraquinhos e "gatos" - estalada e rebordo brocinado pelo mau uso.
Alto frete que evidencia curiosamente duas tonalidades de barro na sua feitura - vermelho e amarelado.
Taça no Museu dos Biscainhos
Vai dar-me imenso trabalho a por o lavatório como novo. Vai ter de ser todo lixadinho e bem. A cor original - verde - não sei se mantenho - quando o vi pensei pinta-lo em azul para o contraste do desenho da bacia, haver vamos - o que me dá na cabeça na hora!
Peça que acordou memórias da minha meninice. Havia um igual com loiça branca no correio velho no arquivo atulhado de papéis onde a minha mãe trabalhou - local onde passei tantas horas naquela de partilhar companhia até acabar o turno da meia noite - só havia telefone- até essa hora. Ao toque das 12 badaladas do relógio da Reguladora cujo som ainda o sinto - saiamos abraçadas a caminho de casa - carinhos que naquele tempo só desses me lembrar - porque o medo de ladrões era tanto - ia todo o caminho a rezar a pedir ajuda - Jesus vai comigo, eu vou com Jesus!
Na feira de Évora a minha filha disse-me: adivinha na banca do Sr Laureano o que eu escolheria...
Pois: um lavatório; um banco em madeira de ferrador e ainda havia outra peça que lamentavelmente não me ocorre - bem me esforço, debalde foi-se!
Claro que quando vi este não hesitei . Passei quase todo o dia com ela e o namorado. Almoçamos na sua casa - apresentou um creme de grão que estava divinal, perguntei com quem tinha aprendido a fazer sopas deliciosas - respondeu sem peneiras -sozinha e contigo...O jantar estava há que tempos marcado num restaurante chique para os lados da Graça. Adorámos. Chegamos a casa já passava da meia noite. O mais interessante foi a caminhada a pé a quatro - apreciar o ambiente noturno por Alfama. Amazing um restaurant com piano ao vivo - tenho de lá ir uma noite destas, quem sabe para os meus anos, porque não!
Nota-se que a bacia está gasta ao centro de tanto o gomil cheio de água ser tirado e reposto.Ela e o namorado - gostaram - e eu finalmente descansada com o meu marido que entretanto acalmou!
Outro lavatório de herança - elegante com uma bacia branco, creme de Sacavém, sem buraco.
O mesmo lavatório, noutro cenário e com nova bacia de rebordo gomado e barra em flores, sem buraco, pesada, provavelmente de Sacavém.