segunda-feira, 23 de julho de 2018

Caneca em faiança de Lisboa finais do século XVIII (?)



Este tipo de caneca de faiança o vi a primeira vez em casa da avó do meu marido, em particular de uma que achei numa arca que se tinha descolado o pé do corpo tendo sido restaurada com tanto "gato" como jamais tinha visto assim um trabalho. Tinha flores, era bonita e do mesmo tamanho da que apresento, apenas diferente no esmalte, a outra inegavelmente faiança de Coimbra e esta o será de Lisboa (?),.
Pois não sei se é barro ou pó de pedra totalmente branco e seco, nunca assim assim um barro igual que se nota bem na esbeiçadela no rebordo, à partida evidencia produção de Estremoz numa determinada fase, que o usava vindo dos barreiros de Lisboa. A flor em tom manganês, sobretudo a sua pincelada a forma como termina lembra azulejos pombalinos, por isso fico por Lisboa.
Padrões de alguns azulejos pombalinos
Não encontrei na pesquisa que fiz azulejos com apenas uma flor ao centro com a mesma terminação como a caneca,que tenho guardados algures, mas não tenho foto no momento.
Pintores de Estremoz aprenderam na Fábrica do Rato em Lisboa, por isso alguma a semelhança nas pinturas na mesma época.
A tonalidade do verde usada faz lembrar Estremoz.A única nota de diferença seja o esmalte que não se mostra homogéneo, e sim azulado com pigmentos em azul mais forte, que lhe dá uma graça inédita. Possa aventar que na calda do esmalte  que se mostra pastosa e gorda onde seria misturado  uns posses de cobalto onde nem todos se diluíam pela incompatibilidade com os outros componentes da calda e por isso ao mergulhar a peça para tomar o esmalte deixavam este aspecto. Uma probabilidade.
O azul cobalto apenas era utilizado em fábricas com posses e tanto Estremoz como Lisboa tiveram fábricas que o usaram.
A pintura em policromia é toda manual. Dois filetes em azul ao limite do rebordo da caneca sendo o primeiro mais largo que o segundo que se repetem depois no pé nas nervuras para a elevação do corpo da caneca. Ao meio é graciosamente decorada com um ramo floral a manganes com folhas verdes com duas flores, uma muito mais bonita que a outra.

A asa relevada é graciosa sem pintura além do esmalte, termina em bico e não em dedada afincada para prender, como mais tarde foi hábito em Coimbra.
A caneca apresenta-se de ligeiro ovalado e não totalmente redonda, o que denota a sua antiguidade.
Arrepiados no esmalte
 
Produção aponta para os finais do século XVIII (?).
Estremoz ou Lisboa (?). Por hora deixo-me na inclinação de Lisboa .
Até hoje a primeira peça que encontro com este esmalte serpintado de pigmentação a cobalto sob esmalte azulado, tenha sido a alavanca para a perfeição noutras iniciativas em Gaia, na fábrica Miragaia e outras em determinada época o uso de um esmalte homogéneo azulado.
Um exemplo de esmalte homogéneo azulado
http://leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com/2017/11/pratinho-miragaia-de-rocha-soares.html

2 comentários:

  1. Boa noite Isa, gostei da caneca mas, infelizmente, o meu conhecimento não chega para lhe confirmar a origem. Na verdade a flor castanha (forma, castanho e o amarelo) faz lembrar muito os azulejos pombalinos e o azul do filete também parecido com o que se usava nos mesmos azulejos do sec, XVII.

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  2. Caro António Gomes Martins muito obrigado pela cortesia da visita e pelo comentário.Ontem levei-a pela primeira vez e vendia-a. Pessoalmente a caneca agradou-me pela flor a lembrar a pintura dos azulejos. Apesar da antiguidade não despertou em mim a vontade de a colocar em algum sitio, o tenha sido pela particularidade da massa evidenciar pó de pedra e o esmalte serpintado, que não me agradou nem o tamanho.Se soubesse que gostava dela tinha-a guardado para si. Trouxe-a desta última vez que fui à província e mais outras peças para vender, não posso ter tanta coisa em armários, para ontem a ter levado para a feira pela 1ª vez com duas peças Bordalo , vendidas muito baratas em dois momentos repentinos que varejadores de tesouros souberam tirar proveito.Sei do que falo a mim de vez em quando a mesma sorte tenho...

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