domingo, 22 de abril de 2012

Penico em faiança motivo casario de Alcobaça (?)

Perto de Sta Apolónia parei num armazém de velharias - fui espreitar. O meu marido viu o penico dentro de um armário, chamou-me - "está aqui uma coisa que tu gostas"...pois estava - adoro penicos!
Penico pequeno geralmente  chamado "penico do menino"...só os havia nas casas abastadas, nas outras o penico era um luxo...

Faiança em barro vermelho. Esmalte  lácteo com buraquinhos e arrepiados. Fabrico atribuído a finais do século XIX pintado à mão, motivo casario (?) típico à época ladeado de árvore e rodapé em esponjados, do outro palmeira e um ramo. Ainda filetes em azul: rebordo, abaixo deste e, sobre o pé. Asa elegante com frete ao meio.




Muita semelhança na pintura desta  minha bacia - falta-lhe a palmeira por falta de espaço (?)  em barro branco - curiosamente a bacia tem no tardoz um borrão que parece OAL.
 Atribuo o penico pela semelhança da taça a Alcobaça  atendendo ao formato da aba direita mais visível no tardoz, do casario em altura e do rodapé em aguada.



























domingo, 15 de abril de 2012

Bacia de lavatório em faiança de Coimbra (?)




Começo por pedir desculpas pelas fotos - tiradas na via pública enquanto esperava o meu marido  e com ele o carro - comprada na feira da ladra...a um preço de saldo - só tinha uma nota na carteira, com ela paguei apenas um terço daquilo que o vendedor inicialmente pedia - não pude recusar - perante o mau humor do meu marido - virou-me as costas e em voz forte  ditou raios e coriscos - da feira saímos apressados- ele com a bacia, eu com o lavatório em ferro forjado nas mãos toda a  descida até Sta Apolónia sempre a resmungar - eu caladinha -" não falasse o cu que da boca também não!"

Faiança atribuída a Coimbra finais do século XIX pintada à mão em reservas, volúpias? em azul. Motivo já pintado desde o século XVI.Numa feira vi um prato coberto com esta mesma pintura e na massa tinha o número "3" impressa.Podia ter pedido para registar a foto...há  momentos que não sei porque reajo assim.

Esta bacia herança do meu marido - possivelmente saiu da mesma fábrica - desenho em estampilha também azul e gomil mas mais pequena.

Grandes sempre vi várias sem policromia - em esmalte branco - mais claro ou escuro e buraquinho para sair a agua direta ao balde.
Curiosamente tantos anos em feiras e tantas peça em faiança vista  - é a 2º vez que vejo este desenho.
Há coisa de um mês, acompanhada com a minha boa amiga homónima Isa Saraiva vimos nesta feira parte superior de uma PENIQUEIRA - esmalte brilhante e azuis maravilhosos ( imaginem um funil sem o bico cujo tardoz em pasta "crua" carateristica de travessas em porcelana chinesa  cujo fundo não apresenta esmalte- o preço caríssimo sem o ser .Hoje temos de ponderar prioridades. Ficamos ambas tristes de não a poder comprar!
   
Apresento esta escarradeira  da minha coleção para poderem perceber o que digo - não tem frete - é lisa igual ao tardoz da peniqueira - o que indica que possivelmente as duas peças saíram da mesma fábrica de Coimbra - já que a decoração  - hera - é uma carateristica. 



Esta foto mostra o fundo de uma travessa em porcelana chinesa que comprei toda partida por 1€...
Para se analisar a analogia da técnica de fabrico que pelos vistos em Coimbra também proliferou.

Na semana seguinte voltei na ilusão de a voltar a ver e, fotografar ( tola - então quando a vi - nem me lembrei que tinha a máquina na mala) -  a vendedora não apareceu - ontem não a tinha na banca , nem fui capaz de perguntar se já a tinha vendido, logo abaixo apareceu-me o lavatório em ferro forjado cuja bacia me chamou pelo mesmo desenho embora numa tonalidade mais baça- contudo igual.
Contudo Deus compensou-me...apesar da outra peça ser de inegável valor - impecável, cujo brilho irradiava descobertas de perder o norte...senti - que bem ficaria num Museu ou quem apreciei este tipo de faiança!

Tardoz de esmalte translúcido com buraquinhos e "gatos"  - estalada e rebordo brocinado pelo mau uso.
Alto frete que evidencia curiosamente duas tonalidades de barro na sua feitura - vermelho e amarelado.

 imagem

                                                                 Taça no Museu dos Biscainhos


Vai dar-me imenso trabalho a por o lavatório como novo. Vai ter de ser todo lixadinho e bem. A cor original - verde - não sei se mantenho - quando o vi pensei pinta-lo em azul para o contraste do desenho da bacia, haver vamos - o que me dá na cabeça na hora!

Peça que acordou memórias da minha meninice. Havia um igual com loiça branca no correio velho no arquivo atulhado de papéis onde a minha mãe trabalhou - local onde passei tantas horas naquela de partilhar companhia até acabar o turno da meia noite - só havia telefone- até essa hora. Ao toque das 12 badaladas do relógio da Reguladora cujo som ainda o sinto - saiamos abraçadas a caminho de casa - carinhos que naquele tempo só desses me lembrar - porque o medo de ladrões era tanto - ia todo o caminho a rezar a pedir ajuda - Jesus vai comigo, eu vou com Jesus!

Na feira de Évora a minha filha disse-me: adivinha na banca do Sr Laureano o que eu escolheria...
Pois: um lavatório; um banco em madeira de ferrador e ainda havia outra peça que lamentavelmente não me ocorre - bem me esforço, debalde foi-se!

Claro que quando vi este não hesitei . Passei quase todo o dia com ela e o namorado. Almoçamos na sua casa - apresentou um creme de grão que estava divinal, perguntei com quem tinha aprendido a fazer sopas deliciosas - respondeu sem peneiras -sozinha e contigo...O jantar estava há que tempos marcado num restaurante chique para os lados da Graça. Adorámos. Chegamos a casa já passava da meia noite. O mais interessante foi a caminhada a pé a quatro - apreciar o ambiente noturno por Alfama. Amazing um restaurant com piano ao vivo - tenho de lá ir uma noite destas, quem sabe para os meus anos, porque não!

Nota-se que a bacia está gasta ao centro de tanto o gomil cheio de água ser tirado e reposto.Ela e o namorado - gostaram - e eu finalmente descansada com o meu marido que entretanto acalmou!


Outro lavatório de herança - elegante com uma bacia branco, creme de Sacavém, sem buraco.
 O mesmo lavatório, noutro cenário e com nova bacia de rebordo gomado e barra em flores, sem buraco, pesada, provavelmente de Sacavém.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Faiança o norte Fervença ou Caminha (?)

Em semana de Pascoela  ainda a pensar em comer amêndoas  lembrei-me de vos apresentar este prato em faiança numa tonalidade policroma: rosas, verde e manganês ( nas hastes, muito fino, já tenho visto pinturas com este toque fino em manganês .Quando o vi prostrado num estaminé no chão  na feira da ladra palpitou-me logo o "copianço" do motivo  da porcelana Companhia das Índias  -, conhecida por família rosa. Esta decoração é a primeira que conheço pintada em faiança.
  • O prato apresenta-se decorado com filete rosa no rebordo e duplo do mesmo tom a contornar o fundo.Aba decorada a flores  a dois tons: rosa claro e escuro.Ramagens em verde desmaiado sendo as  hastes um fino filete na tonalidade manganês.
Ao centro o mesmo motivo floral em ramo de duas flores que nos transporta para uma estratificação quem sabe da flor do morangueiro vastamente usada na pintura de faiança em várias fábricas




Tardoz do prato evidencia o frete ter sido talhado "à cana".
Esmalte a fugir para o creme, apresenta arrepiados e buraquinhos que podem atestar fabrico no final do século XIX (?).

Não resisti a colocá-lo na parede da sala. Um senão, para o pôr tive de arrumar outro, uma técnica usada nos últimos tempos e não gosto nada!
Coloquei-o ao lado de uma travessa motivo casario atribuído o seu fabrico a  Vilar de Mouros ou Coimbra (?) pintada só a rosa, uma cor não muito usual.



Foi um prato muito usado, no entanto irradia uma beleza que me cativou.
Será o prato fabrico de  Fervença (?)ou Caminha?
O esmalte e palete de cores, sobretudo a finura do desenho e da ligação dos ramos é de minúcia, além do manganês ligeiro desbotado o que catapulta para fabrico provável de Fervença de uma determinada época que usaram muito os rons rosa, sobretudo na pintura de frutos ou Caminha?.
  • Certeza quase absoluta: Fabrico do norte

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Faiança Sacavém, Coimbra, Alcobaça ou norte a chamar a PÁSCOA !

Podia escolher outra peça...Afinal tenho várias à espera de tal sorte.
  • Refinada escolha neste covilhete  lindíssimo para os amantes da loiça de Sacavém.
Espero ficar redimida, em tempos escrevi que não era loiça da minha preferência.
Nele, deposito desejos sinceros de uma PÁSCOA FELIZ para todos aqueles que por aqui passam, sobretudo aos comentadores que me estimulam sempre a não ficar quieta!
A todos vocês leitores sem exceção, por serem já  tantos, não menciono os seus nomes, estão no meu coração, ainda corria o risco de falhar algum...
Ao olhar o covilhete surgiu-me a ideia de ser a melhor peça para vos mostrar, fazer jus à sua  beleza incondicional com o pormenor do rebordo ligeiramente ondulado de uma elegância mensurável, em  verde,a minha cor preferida, numa de induzir ESPERANÇA , forte desejo para todos, neste nosso Portugal cada vez mais de rastos!
Comprei-o em Setúbal a um vendedor eventual de boa linhagem...E bom espólio.O preço uma pechincha!


Sem esquecer as amêndoas. Recordo-me que em miúda a minha mãe encomendava da Briosa de Coimbra "bonequinhos com licor", que não eram mais do que drageias em cor de rosa, azulinho, amarelinho, verdinho e branquinho, um trabalho manual minucioso, de ficar estarrecida a olhar para elas, em abono da verdade nem eu nem a minha irmã apreciávamos o licor, apenas adorávamos aquelas miniaturas deliciosamente graciosas.Amêndoas só de chocolate, tipo rochas...

A vida não tem graça nenhuma se não prevalecerem os AFETOS!
Neste blog de velharias, a forma de o demonstrar é postar faiança alusiva ao tema.


A pedido de um "comentador anónimo", ao ler o meu post sobre o meu último passeio por Lisboa, no caso à feira-da-ladra me desafiou para postar os pratinhos com coraçãozinhos que comprei.
Pois aqui estão. Lindos em azul, comprados numa loja de antiquários à volta do antigo mercado da feira . Não resisti ao encanto. Vê-los à entrada, foi mote para os ter. Tal sedução cara, empolgou-me e de que maneira para "dar em cima do meu marido" e, conseguir em segundos dinheiro para os comprar. Bem, antes seduzi a vendedora com alguma lábia...Grande destreza baixou o preço 10€!


O tardoz não engana. Massa malegueira cheia de buraquinhossssss.... Esmalte escorrido ligeiramente anilado.Finais do século XIX. Duplo filete em azul a limitar o centro e no rebordo ainda decorado com arabescos sob esponjado.
Ao centro o símbolo do AMOR. Dois corações em chama unidos com a chave de cada um dos seus donos que os une....Seria para sempre?

Para os amantes de faiança e, na louca tentativa de identificar a origem de fabrico, aqui vai mais uma deixa: Reparem como o rebordo é feito. Não é redondo, sim, direito como se fosse uma aba.Tenho outras peças assim, podem ter saído da olaria que foi do Vandelli quando este se mudou para Gaia. A finura da pintura e esta nuance no términos da peça são carateristicas dele, da sua escola feita na olaria em Coimbra ou Alcobaça  (?).



Outra perspetiva dos pratinhos. Sorte ter encontrado logo um par!
Andava nas feiras de Belém e Avª da Liberdade, não sei se continua, outro deste tamanho pintado azul tipo cobalto cujo preço é exatamente o valor que paguei por estes dois.Claro que também gostava de o comprar...Mas não me atrevo. A vida não está para loucuras, temos de pensar no amanhã. Este vício compulsivo, arrasa comigo!

Aqui mostro mais dois exemplares em miniatura, os meus preferidos.

Na Páscoa não pode faltar açúcar, aqui vos mostro uma das minhas últimas aquisições que andei a namorar...O preço andou nos 75...Depois passou a 45, depois com o conhecimento da esposa do vendedor, a D. Maria de Lurdes, o marido, o Sr. Carlos fez-me um bom  preço.



Lindo açucareiro em faiança de Coimbra  ou norte(?). O pormenor da asa, é soberbo.
Peça rara. Este formato estreito em baixo e alarga em cima é seguramente atribuído à função de açucareiro. Quando a largura em baixo e em cima é igual tratar-se-à de uma manteigueira. Existem ainda as compoteiras. Lembram-se que há tempos postei uma peça deste género ainda mais bela: barriga com o formato bojudo e logo sobre ela nasce outra barriga maior, ( claro que essa técnica deve ter um nome, uma carateristica usada no século XVIII)...e as pegas  em "M", com decoração em folhas pontiagudas como esta, mas muito mais graciosa.
Onde está o  açúcar?...Então, estou a preparar um Folar, além de levar ovos leva açúcar!
Não há Páscoa sem folar doce e sem bôla de carnes!

Termino com esta travessinha de faiança de Alcobaça, início século XX, deliciosamente ornada com cerejas. Quem não gosta de cerejas?
Vai ser oferta para um amigo que faz anos este mês a linda idade de sessenta primaveras.Adora cerejas!
Acho uma prenda adequada, para se encantar de vez pelas faianças...Sou teimosa!

Espero não vos ter desapontado....Nas escolhas!

UMA SANTA PÁSCOA PARA TODOS, AMIGOS!


Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...