Ainda não tinha mostrado uma das minhas prendas do ultimo Natal- Caneca de doentes, Bica, ou Bule de caldo, cuja utilidade servia para dar de beber leite ou um caldo a acamados e até bebés, mas claro em casas de gente abastada que as adquiriam, por isso sejam peças raras, só aparecem quando os colecionadores as vão vendendo por falta de dinheiro, e se desfazem aos poucos das suas coleções, para serem compradas por outros-, pelo que a vida dos colecionadores a comparo com o buliço de jogar na bolsa, o ganho de uns seja a perda d'outros...
Já os pobres em tempo de antanho se remediavam com as garrafas de pirolitos, a que conseguiam tirar o pirolito para servir de biberon com uma mamadeira de borracha.
Nesta foto pode-se fazer a comparação com outra que está ao lado para se apreciar que a forma do bojo como foi feita seja diferente, sendo que a da esquerda é nitidamente fabrico de Coimbra e esta hoje apresentada não o seja, embora o pareça.
Gostei do motivo casario, da policromia onde se destaca o vermelho sob rodapé em esponjado azul aberto, e no mesmo o arvoredo em verde
O fecho da caneca mostra-se cortado ao meio dando-lhe elegância estética.Ao limite do fecho da caneca um filete em vermelho seguido de cercadura fina floralO que me prendeu a atenção em adquirir mais uma destas peças para a minha coleção foi a asa, a forma como se fecha, sendo que não tenho outra peça assim igual.
O fundo revela ter sido produzida em ambiente de fábrica e não na olaria tradicional, sendo que o acabamento da asa seja manual à antiga
O barro usado é claro de ligeiro rosado. A massa é homogénea, compata sem materiais plásticos.
O bico mostra-se elegante pintado em lágrimas vermelhas e no topo da caneca um fino filete manganês.
Apesar do motivo remeter para Coimbra, sobretudo pela palmeira e casario - seja pela sua altura, a asa e a forma como o corpo da caneca se eleva e se alarga no topo, aventar ser produção do centro do País, da recente descoberta - Fábrica Telles de Cantanhede (?) que copiou muito Coimbra ou Tavarede (?) no mesmo copianço ou...
Produção provável anos 20/30 do século XX.
Para mim encerra mais uma peça impecável na minha pequena coleção, a que acho tamanha graça sobretudo pela forma do fecho da asa que lhe confere de ingenuidade ao jus da arte naif.