sábado, 13 de maio de 2017

Prato de faiança do norte, Fervença (?)

Comprei este prato em Algés à D.Fátima. Claro que não estava assim descorado, aconteceu ao chegar a casa depois de o pôr em água se começou a descascar...fatalmente o que acontece aos restauros, a água é um inimigo. Apresenta um "ligeiro cabelo", tenha sido o mote para alguém ter decidido e mal pelo restauro e pintura, cobrindo pintura original. Em abono da verdade pior a emenda que o soneto...
Contudo o prato exalava algo que me cativou pelas cores com o ramalhete central delicado.
Por não ter foto do prato quando o comprei apresento esta como ficou com o banho...
As fotos mostram resquícios da massa a cobrir a pintura floral e a barra em amarelo e dois "buracos " primitivos da cozedura do prato, por a massa conter matérias plásticas, "arrepiou"...
 Julgo nesta foto seja mais notório a massa que ainda falta retirar.
Após a limpeza nota-se o "cabelo" já referido, ainda assim prato a merecer honras na parede da minha sala. Pintado em policromia ao centro com ramalhete gracioso e fino em azul claro, com ligeiro filete a manganês ao limite do covo, seguido de um largo até à elevação da aba decorada por grinalda lisa em ocre com palmito em verde desmaiado ao centro do balancé . Ao limite do rebordo filete a azul cobalto.
Trata-se de produção do norte sem dúvida alguma. O seu peso, a decoração, as cores; uso do manganês desmaiado, azul cobalto e verde desmaido, sejam mote de outros dois da minha coleção.
Apresenta esmalte lácteo acinzentado com craquelê, as cores do azul cobalto e azul bebé reporta a produção de Gaia, quiçá após a  chegada do químico Domingos Vandelli, a lufada de novidade e criatividade depois de ver a sua fábrica do Rossio de Santa Clara em Coimbra incendiada pelos desertores do Buçaco. Então qual seria a fábrica que produziu este prato? Pois não sei!
Eventualmente Fervença (?) , pelo equilíbrio da pintura e graciosidade do ramalhete central, sendo que até hoje ainda não se encontrou nenhuma peça assinada.Outra carateristica a forma em quinada viva do covo para a aba. A sua atribuição reporta aos finais do século XIX (?)

4 comentários:

  1. Gosto destas honras conservadas e valorizadas.
    Também colecciono alguns de Coimbra.
    Abraço

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  2. Caro Manuel Luís obrigado pela cortesia da visita. Sim tem razão corroboro que a prática de conservar e valorizar o melhor produzido em Portugal seja o património para memória futura.
    Um abraço

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  3. Este é um tipos de faiança portuguesa que mais me fascina, embora por vezes ainda seja incapaz de distinguir um Fervença de um Bandeira ou SAVP ou mesmo Coimbra da mesma época. Não interessa, o que conta mesmo é que gosto muito.
    No que respeita a restauros, fico sempre na dúvida se vale ou não a pena fazê-los. Eu tenho uma peça que foi restaurada no Instituto Politécnico de Tomar, onde têm uma licenciatura em "Conservação e Restauro", e acho que valeu a pena fazê-lo. Mas também concordo que há situações em que é melhor não mexer na peça.
    Um abraço,
    Carlos Martins

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  4. Caríssimo Carlos Martins desculpe só agora responder, estive ausente em Ansião mais de 15 dias, onde não tenho net, mal cheguei fiquei com os netos e a família aqui em casa, só agora com algum tempo.
    A faiança portuguesa no período dos meados do séc XIX aos meados do séc XX,foi bastante copiada nos motivos e técnicas, apesar de fabrico em série, para ganhar dinheiro, também os artificies mudavam constantemente de fábrica e sejam estes argumentos e o facto de não marcarem as peças na origem que deixa os apaixonados pelos cacos nesta louca tentativa em a catalogar com a devida ressalva da margem de erro no melhor será; norte, centro, Lisboa e sul, porque na verdade o nº de fábricas quer em Gaia, Porto, Coimbra, Aveiro e Lisboa foram imensas, e delas pouco ou nada se sabe.Corroboro o que diz, "o que conta mesmo é que gosto muito".
    Em relação aos restauros tenho feito alguns, mas nenhum me deixou completamente satisfeita, embora reconheça que as peças valorizaram. Incrível tenho numa amiga 3 peças há mais de 3 anos , já prontas que se esquece sempre de as trazer. Se há coisa que me irrita profundamente nas pessoas é esta falta de zelo para com os outros...
    Um abraço
    Isa

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