sábado, 25 de fevereiro de 2017

Caneca de doentes, Bica ou Bule de caldo três nomes para a mesma peça

Ainda não tinha mostrado uma das minhas prendas do ultimo Natal- Caneca de doentes, Bica, ou Bule de caldo, cuja utilidade servia para dar de beber leite ou um caldo a acamados e até bebés, mas claro em casas de gente abastada que as adquiriam, por isso sejam peças raras, só aparecem quando os colecionadores as vão vendendo por falta de dinheiro, e se  desfazem aos poucos das suas coleções, para serem compradas por outros-, pelo que a vida dos colecionadores a comparo com o buliço de jogar na bolsa, o ganho de uns seja a perda d'outros... 
Já os pobres em tempo de antanho se remediavam com as garrafas de pirolitos, a que conseguiam tirar o pirolito para servir de biberon com uma mamadeira de borracha.
Nesta foto pode-se fazer a comparação com outra que está ao lado para se apreciar que a forma do bojo como foi feita seja diferente, sendo que a da esquerda é nitidamente fabrico de Coimbra e esta hoje apresentada não o seja, embora o pareça.
Gostei do motivo casario, da policromia onde se destaca o vermelho sob rodapé em esponjado azul aberto, e no mesmo o arvoredo em verde
O fecho da caneca mostra-se cortado ao meio dando-lhe elegância estética.Ao limite do fecho da caneca um filete em vermelho seguido de cercadura fina floral
O que me prendeu a atenção em adquirir mais uma destas peças para a minha coleção foi a asa, a forma como se fecha, sendo que não tenho outra peça assim igual.
O fundo revela ter sido produzida em ambiente de fábrica e não na olaria tradicional, sendo que o acabamento da asa seja  manual à antiga
O barro usado é claro de ligeiro rosado. A massa é homogénea, compata sem materiais plásticos.
O bico mostra-se elegante pintado em lágrimas vermelhas e no topo da caneca um fino filete manganês.
Apesar do motivo remeter para Coimbra, sobretudo pela palmeira e  casario - seja pela sua altura, a asa e a forma como o corpo da caneca se eleva e se alarga no topo, aventar ser produção do centro do País, da recente descoberta - Fábrica Telles de Cantanhede (?) que copiou muito Coimbra ou Tavarede (?)  no mesmo copianço ou...
Produção provável  anos 20/30 do século XX.
Para mim encerra mais uma peça impecável na minha pequena coleção, a que acho tamanha graça sobretudo pela forma do fecho da asa que lhe confere de ingenuidade ao jus da arte naif.

4 comentários:

  1. Depois de uma ausência de quase dois anos pelo estrangeiro, volto à nossa terra e ao seu contacto neste blog em que nos vai mostrando peças maravilhosas e originais.
    Esta que aqui nos traz não é excepção. Nunca tinha visto nada parecido. Parabens pela compra.

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    1. Caríssimo Carlos Martins seja bem vindo,possivelmente até me falou da ausência, debalde os meus afazeres não reti,de facto estranhei a sua ausência... tenho dado prioridade ao outro blog.
      Seja bem vindo, aproveite Portugal, a casa e tudo o que mais lhe aprouver.
      Tenho 4 canecas de caldo em faiança, todas diferentes.São peças raras,e bastante caras. As que se vão encontrando eram de colecionadores que se vão desfazendo...o mês passado vi uma lindíssima, custava 150€...
      A curiosidade, ontem falei de si ao meu marido, íamos ao infantário buscar os netos, teimei seguir noutra rua para ver as novidades, Lisboa está a mudar de semana a semana quando num novo antiquário de esquina tinha na montra um grande pote igual ao seu, da Viúva Lamego, cuja decoração é diferente, mas na mesma tonalidade pedia 280€. Vou arranjar tempo para fazer um post.
      Bem haja pelo carinho que me distingue pela cumplicidade nestas coisas do passado e da conversa.
      Seja bem vindo, um abraço extensivo à esposa.

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    2. Eu é que agradeço o facto de partilhar connosco estas relíquias da cerâmica Portuguesa.
      Quanto à cumplicidade, sim, mas eu sou apenas um principiante e um modestíssimo colecionador que pouco mais sabe dizer sobre uma peça do que se gosto ou não dela.
      Por exemplo, a minha talha Viúva Lamego, que herdei do meu avô, é a minha peça favorita apesar de, aparentemente, não ter o valor que lhe atribuía. Se eu encontrasse uma semelhante pelo preço que me fala, não resistiria um segundo ��
      O meu convite para uma visita a Constância, numa das suas passagens para Ansião, naturalmente extensivo ao seu marido, continua sempre de pé, com muito gosto.

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    3. Caríssimo Carlos Martins muito obrigado pela continuada cortesia da visita,amizade e salutar partilha.Agora com os netos tenho o tempo mais condicionado, mas sim irei com imenso prazer reviver essa terra magnífica onde já fui no passado várias vezes, recordo o casario branco ornado de ocre e de sardinheiras, com a Igreja lá no alto ao cimo da velha escadaria com o Tejo e o Zêzere em beijo descarado, e a ponte com varandim de ferro, espero já tenha sido recuperada, e claro uma mística do antigo com o moderno pela arquitetura da nova politica de esquerda ...
      Um grande abraço para si e esposa

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