quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Terrina da Fábrica Telles de Cantanhede

Terrina em formato canelado nos cantos, ornada ao limite do bojo em corrente no motivo floral minucioso em policromia (verde ervilha, vermelho, verde seco e filamentos dos ramos a ligeiro dourado velho), a tampa quinada nos cantos,  onde se repete o mesmo motivo da terrina na borda da aba , a pega delicada em flor azul e folhas relevadas contornadas a filete fino na mesma cor e o mesmo nas pegas.O pé da terrina contornado com fino filete escuro, da cor do carimbo.
Pelo formato, pela cor creme do esmalte e pela decoração, seja fácil a sua atribuição ao centro do País- desde Alcobaça, Coimbra, Tavarede e,...na verdade trata-se de fabrico do centro, mas de CANTANHEDE.Houve pelo menos uma fábrica de louça em Cantanhede que tentou imitar a louça de Coimbra.
Excerto http://c.geneal.over-blog.com/article-fabrica-da-lou-a-ceramica-teles-ourent-57565056.html"Existiu na freguesia de Ourentã uma fábrica de louça, de efémera duração (1914-1927). Foi mandada construir por Manuel José Teles (cunhado do farmacêutico Raúl Leite Braga, da Farmácia do Seixo), de Coimbra, por volta de 1914. Tencionava imitar a louça de Coimbra que tinha muita procura nesse tempo. A fábrica foi vendida a uma Sociedade constituída por várias pessoas de Cantanhede, Pocariça (da família Ribeiro) e de Ourentã ( Prudêncio da Silva Ribeiro, José de Oliveira dos Santos etc.). 
« Os fornos da referida fábrica foram feitos com tijolos cozidos numa fabriqueta que Manuel Ribeiro da Costa, de Cantanhede, tinha no sítio chamado "Chão da Ferreira" entre Ourentã e Ourentela, perto dumas "Alminhas" que até, há poucos anos, ali existiram. O barro era tirado nas "Caeiras", por cima do Vale de Igreja, sítio desta freguesia hoje, muito abundante em vinhas. Mas um barro mais apropriado, para misturar, vinha de Coimbra. Dificuldades de transporte desta matéria prima, falta de técnicos na região – o técnico tinha de vir, também, de Coimbra, e hospedar-se em Cantanhede – o facto de os operários terem que se deslocar-se a pé, a fraca rentabilidade desta iniciativa, tudo concorreu para tornar impraticável a continuação desta fábrica. »  
Fábrica Teles em 1927
" dois fornos muito bem montados, salas para fabrico manual de loiça ; – sala para pintar a mesma – grande armazém de deposito de loiça já cosida e pronta a sair para fora, no mais alto-grau de aperfeiçoamento de variados feitios, bilhas para agua, canecas de litro e meio litro para vinho, em figura de homem, etc., etc. »
Acabou por desaparecer num incêndio em 1927."
Pormenor da pega em formato de flor
Pormenor da asa, invulgar
Comprei-a por estar marcada com o algarismo "3" em relevo na pasta  e a tinta, ainda carimbo circular da
Cerâmica de Cantanhede . O que nos diz ter sido produzida em fábrica, e não olaria familiar .
As letras impressas artisticamente julgo sejam JLL.J.Telles.
O barro usado é de cor rosado, o que evidencia mistura de branco com vermelho.Tem alguns materiais plásticos pelo que a pasta não se apresenta totalmente homogénea, apresentando alguns "buraquinhos" .

A Marília Marques partilhou fotos de outra terrina motivo "Cavalinho" que agradeço a cortesia.
 
 
Foi a primeira vez que descobri esta marca,  graças à FONTE exarada na crónica, foi-me fácil saber mais desta fábrica, que assim se revela mais rica pela amostra desta peça graciosa. Ainda  ajuda na catalogação de outra loiça que estará erradamente atribuída a Coimbra, Tavarede e,...Tenho outras terrinas apenas marcadas com o número "3" impresso na pasta atribuídas a Coimbra(?).

FONTES
http://c.geneal.over-blog.com/article-fabrica-da-lou-a-ceramica-teles-ourent-57565056.html
Partilha da amiga Marilia Marques

6 comentários:

  1. Cara Isa Coy,

    Bom Ano de 2017 e muitos Parabéns por esta sua postagem!
    Importantíssima é deslumbrante!
    A divulgação de uma peça que todos diríamos Coimbra ou Centro, mas nunca Cantanhede!
    Mais uma fábrica, mais um fabrico desvendado e divulgado!
    Superior começo de Ano.
    Parabéns,

    Jorge Amaral

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caríssimo Jorge Amaral, bem haja pelo continuado carinho da cortesia e das simpáticas palavras.
      De facto assim é, mais uma Fábrica portuguesa dada a conhecer aos amantes da faiança.
      Tomando as suas elogiosas palavras "Superior começo de Ano" pois assim o espero, mas aqui não foi premeditado, aconteceu simplesmente a fazer limpeza de fotos, no entanto este ano é o meu ano chinês, e de facto não minto, espero coisa boa, sendo mulher de partilha será com agrado que a irei repartir por quem me merece essa distinção-,o seu lugar de bom e fiel amigo está assim assegurado.
      Um Bom Ano para si com boas descobertas.
      Um abraço
      Isa

      Excluir
  2. Olá Maria Isabel, muito obrigado pela interessante partilha.
    Bom ano 2017. Abraço, Jorge Saraiva

    ResponderExcluir
  3. Caro Jorge Saraiva bem haja pela cortesia da visita e pelo comentário. Retribuo votos de Bom Ano
    Abraço
    Maria Isabel

    ResponderExcluir
  4. Foi um prazer imenso ver estas duas terrinas. Fui eu quem pesquisei sobre a fábrica Teles e que pus o artigo na net. Meu bisavô (Prudêncio da Silva Ribeiro) era um dos assócios. Mas nunca tinha visto nenhum peça. Obrigada pela partilha ! Sandra Carvalho

    ResponderExcluir

Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...