segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Taça da Fábrica Cavaquinho(?)

Ontem sob um frio de morrer, de pés enregelados, dois dedos intesicados  e de vendas fracas, só aliviei ao comprar esta pequena taça de formato oval e aba larga, que me deixou por segundos completamente vidrada de paixão!
Haviam duas iguais, esta e uma um pouco maior.Ambas em pintura monocromática em esponjado castanho. Esmalte brilhante que irradia beleza a descobrir...mas caras!
Sempre gostei desta tonalidade a vi pela primeira vez no Museu Soares dos Reis no Porto
Foi bastante usada o tardoz evidencia gordura entranhada na textura da massa que sendo pó de pedra é porosa e absorvente.
Julgo que o formato seja copiado de loiça inglesa Davenport,  tenho um exemplar  algures, mas maior apenas pintada com lágrimas em azul na aba, ao género desta que retirei do goole fotos(blog velharias do Luís)

Peça extremamente leve, dita produção do norte,sem marca.
Atribuída ao século XIX da Fábrica Cavaquinho (?).
Esta Fábrica na sua tradição mais moderna iniciou e desenvolveu o fabrico da louça de pó de pedra em Portugal, à moda Inglesa.
Domingos Vandelli, italiano foi químico da Universidade de Coimbra, a sua ligação a fábricas verificou-se desde a sua chegada a Portugal: Real Fábrica das Sedas e de Louça no Rato em Lisboa.
Em Coimbra conheceu o Brioso, lançando-se  na fundação da sua Fábrica de cerâmica no Rossio de Santa Clara em 1784 que foi  incendiada pelos desertores do Buçaco em 1810 (?) , pelo que ruma em definitivo a Gaia. Mas antes já tinha colaborado na primeira Fábrica de louça de pó-de-pedra do Cavaquinho em Gaia, em 1786. Um dos seus mestres ceramistas, colaborador nas fábricas e no Laboratório Químico, acabou por ser contratado para a Fábrica Vista Alegre em Aveiro.
No Museu Soares dos Reis no Porto há peças com esta pintura.
Já faz parte da parede da minha sala, infelizmente há muito que para pôr uma nova peça tenho de tirar outra, desta feita foi um prato assinado Cavaco no motivo cantão popular.



FONTES
http://www.museudaciencia.pt/

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Terrina da Fábrica Telles de Cantanhede

Terrina em formato canelado nos cantos, ornada ao limite do bojo em corrente no motivo floral minucioso em policromia (verde ervilha, vermelho, verde seco e filamentos dos ramos a ligeiro dourado velho), a tampa quinada nos cantos,  onde se repete o mesmo motivo da terrina na borda da aba , a pega delicada em flor azul e folhas relevadas contornadas a filete fino na mesma cor e o mesmo nas pegas.O pé da terrina contornado com fino filete escuro, da cor do carimbo.
Pelo formato, pela cor creme do esmalte e pela decoração, seja fácil a sua atribuição ao centro do País- desde Alcobaça, Coimbra, Tavarede e,...na verdade trata-se de fabrico do centro, mas de CANTANHEDE.Houve pelo menos uma fábrica de louça em Cantanhede que tentou imitar a louça de Coimbra.
Excerto http://c.geneal.over-blog.com/article-fabrica-da-lou-a-ceramica-teles-ourent-57565056.html"Existiu na freguesia de Ourentã uma fábrica de louça, de efémera duração (1914-1927). Foi mandada construir por Manuel José Teles (cunhado do farmacêutico Raúl Leite Braga, da Farmácia do Seixo), de Coimbra, por volta de 1914. Tencionava imitar a louça de Coimbra que tinha muita procura nesse tempo. A fábrica foi vendida a uma Sociedade constituída por várias pessoas de Cantanhede, Pocariça (da família Ribeiro) e de Ourentã ( Prudêncio da Silva Ribeiro, José de Oliveira dos Santos etc.). 
« Os fornos da referida fábrica foram feitos com tijolos cozidos numa fabriqueta que Manuel Ribeiro da Costa, de Cantanhede, tinha no sítio chamado "Chão da Ferreira" entre Ourentã e Ourentela, perto dumas "Alminhas" que até, há poucos anos, ali existiram. O barro era tirado nas "Caeiras", por cima do Vale de Igreja, sítio desta freguesia hoje, muito abundante em vinhas. Mas um barro mais apropriado, para misturar, vinha de Coimbra. Dificuldades de transporte desta matéria prima, falta de técnicos na região – o técnico tinha de vir, também, de Coimbra, e hospedar-se em Cantanhede – o facto de os operários terem que se deslocar-se a pé, a fraca rentabilidade desta iniciativa, tudo concorreu para tornar impraticável a continuação desta fábrica. »  
Fábrica Teles em 1927
" dois fornos muito bem montados, salas para fabrico manual de loiça ; – sala para pintar a mesma – grande armazém de deposito de loiça já cosida e pronta a sair para fora, no mais alto-grau de aperfeiçoamento de variados feitios, bilhas para agua, canecas de litro e meio litro para vinho, em figura de homem, etc., etc. »
Acabou por desaparecer num incêndio em 1927."
Pormenor da pega em formato de flor
Pormenor da asa, invulgar
Comprei-a por estar marcada com o algarismo "3" em relevo na pasta  e a tinta, ainda carimbo circular da
Cerâmica de Cantanhede . O que nos diz ter sido produzida em fábrica, e não olaria familiar .
As letras impressas artisticamente julgo sejam JLL.J.Telles.
O barro usado é de cor rosado, o que evidencia mistura de branco com vermelho.Tem alguns materiais plásticos pelo que a pasta não se apresenta totalmente homogénea, apresentando alguns "buraquinhos" .

A Marília Marques partilhou fotos de outra terrina motivo "Cavalinho" que agradeço a cortesia.
 
 
Foi a primeira vez que descobri esta marca,  graças à FONTE exarada na crónica, foi-me fácil saber mais desta fábrica, que assim se revela mais rica pela amostra desta peça graciosa. Ainda  ajuda na catalogação de outra loiça que estará erradamente atribuída a Coimbra, Tavarede e,...Tenho outras terrinas apenas marcadas com o número "3" impresso na pasta atribuídas a Coimbra(?).

FONTES
http://c.geneal.over-blog.com/article-fabrica-da-lou-a-ceramica-teles-ourent-57565056.html
Partilha da amiga Marilia Marques

Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...