segunda-feira, 28 de abril de 2014

Perdiz empoleirada da fábrica Bandeira ou Vilar de Mouros (?)

No meu habitual namoro pelos estaminés dos colegas comprei um pratinho de pintura minuciosa que me cativou na graça do todo por ser pequeno, muito colorido e sobretudo de textura muito leve.
Haviam dois, este por apresentar "um cabelo" saiu muito mais barato e por isso veio comigo.
Perdiz empoleirada em ramo com folhas e flores

    A aba apresenta cordão floral em stencil em palete cromática:ocre; vermelho;verde ervilha e os raminhos pintados a pincel em manganês muito finos e delicados encimado por filete em verde ervilha.

Rebordo bicado aos montinhos em triângulos como foi produzido por Vilar de Mouros.
O prato apresenta como motivo central um pássaro que se atribui ser perdiz.

O prato é fabrico do norte. Fábrica Bandeira ou Vilar de Mouros dos finais do século XIX(?).
Ambas usaram estampilha de flores e aves. A pintura era feita sobre placas de ferro ou lata desenhadas, uma vez aplicadas no prato o pintor passava a tinta pelas ranhuras .
Sendo o rebordo bicado e policromia, verde ervilha, vermelho e azul cobalto usual em Vilar de Mouros. O esmalte lacteo com ligeiro  tom creme é costume ser atribuído à Bandeira, e lacteo a Vilar de Mouros.
Atribui-se à Fábrica Bandeira faiança em cor de grão cuja pintura na pargela de pratos ramos verdes e flores vermelhas com perdizes, e ao centro Armas coroadas, exemplares que António Capucho tinha exemplares. Na feira vi dois bons pratos pequenos há 2 meses muito caros.
Terrina peculiar com as folhas relevadas debaixo da pega. Julgo que as duas peças saíram da mesma olaria(?)
O tardoz
      O prato apresenta-se de textura muito leve, no 1º impato me catapultou para fabrico do norte(?) Bandeira ou Vilar de Mouros (?).
      Catapultar hipóteses de fabrico a norte, pelos filetes a manganês finos com ligeiro esborratar do traço do pincel e pelo rebordo bicado igual como este cantão, embora de textura mais pesada.
      esmalte láteo  ligeiro amarelado atribuído a Bandeira ou Vilar de Mouros(?).
      Prato com o mesmo rebordo bicado e cor de esmalte?
    O tardoz bicado se estende de Coimbra a norte (?).
    • Em Coimbra a Fábrica Alfredo Pessoa  o fabrico de textura mais pesada, embora com recortes na aba, tipo tesoura, e bicado na fábrica das Lages, não sei se outras.
    Conclusão
    Prato do norte, da Fábrica Bandeira ou Vilar de Mouros (?) pelos filetes finíssimos em manganês, pela estampa, pela ave, pelo rebordo bicado, é fabrico norte , finais do século XIX, início de XX.
    • No entanto o formato do primeiro prato e deste nada tem de igual, podem ser de fabricas diferentes, ou da mesma,produzidos em alturas diferentes, mas na mesma zona de Gaia (?) -, norte, por certo neste momento assim pensar -, porque em ambos o mesmo uso do pincel fino no manganês, e a graciosidade e leveza da pintura .
    Já se tem abordado o tema -,o mercado anda infestado de  faiança falsificada. Uma coisa é a reprodução assinada, outra coisa bem diferente é a falsa, vendida como antiga, é dessa que falo.
    • Analisei com olhos de gente o prato, os escorridos do esmalte e a pintura, em segurança é verdadeiro!
    • Inusitadamente soube de uma olaria que reproduz uma peça exatamente igual a uma que se leve na Península de Setúbal...Há também reprodução assinada que depois  é lixada para aparentar uso e com amoníaco tiram a marca da oficina que a reproduziu para passar por antiga.
      Também soube por outra fonte que em tempos foi vendida muita faiança como sendo portuguesa e era proveniente de FRANÇA , reprodução muito bem conseguida, ainda assim falsa -, porque foi vendida como antiga e de Portugal...E não o era jamais!
    Estreia na feira de Algés em glória pelas vendas e pelos conhecimentos.
    Este Blog do Lérias proporciona-me travar amizade com muita gente que me encanta, e se encanta com as minhas estórias neste mundo da faiança...
    • Mais um seguidor me reconheceu -, EDUARDO, inimaginável seria aventar que depois da volta pela feira antes da hora do almoço me veio agraciar com um pratinho em ocre e preto no motivo cantão popular , tinha comprado dois -, palavras para quê, são atitudes destas que nos deixam deslaçadas sem palavras, e com vontade de continuar.A feira até podia ter sido um fracasso, que não o sendo, seria ganha por esta atitude, e também pelos outros conhecimentos que travei.
    Analogia com outro que o meu marido me ofertou

    Conheci a bela Dulcineia de Cervantes-, mulher felizada de bela, o seu D.Quixote a agraciou no preciso momento que ia a passar pela banca do Luís Sobral com um belo prato de grandes dimensões em faiança de Coimbra azul , depois do meu rasgado elogio me confidência que na véspera lhe comprara outros dois...ficou de me enviar as fotos. Em segundos vibrei no sonho que paira em gente doce, sensível e enamorada " os começos são a parte melhor dos romances"...

    Ora todas as mulheres deveriam  ter um D. Quixote...
    Não me posso queixar, o meu comprou-me um prato Sacavém em azul pequeno...
    Mas eu não desfraldei a minha Dulcineia na compra do prato com a perdiz com parte do lucro da venda da bica de caldo que comprei na feira de Figueiró dos Vinhos de laivos azuis que vendi ao colega Maia com perto de 80 anos, destemido na arte negocial, gostava de ter a fibra dele, mas nisso sou mais apagada, um dia destes vai para casa de um colecionador.
    • Curiosamente estou a aprender a separa-me das peças, admirei-a apenas horas, para serem de novo admiradas por outros.

    Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

    Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...