terça-feira, 15 de julho de 2014

Terrinas, produção de Coimbra e norte (?)

Comprei recentemente três pequenas terrinas, porque me apaixonaram pelo diminuto tamanho-, gosto delas assim, as grandes não me seduzem!
Uma delas já aqui falei dela, também pintada em dourado, pode ser fabrico de Coimbra ou Fervença(?).

O antiquário, um falador simpático e conhecedor da matéria,  fala  tanto, dá tantas dicas que me revi nele nesse mesmo estar-, curioso quando vinha para casa pensei que não tinha retido quase nada...
O mesmo se passará comigo quando apanho gente e me meto a falar, porque é demasiada informação que se vai dando gratuitamente,  com fervorosa paixão  e acalorada conversa, com isso incursões nisto e naquilo para reencontro no tema inicial na peça que nos leva nessa oralidade tamanha, sempre  de tempos infinitos a falar...
Ora a cor em dourado velho encanta-me!
Porque vou de férias...Estou sempre se férias. 
Se fizer feira será no próximo fim de semana, depois  abalo para celebrar o aniversário da minha querida mãe que faz a bonita idade de 80 anos, em festa  no Oeste, que se pretenda seja rija só com as mulheres da família, regada a champanhe, prendas, divertimento, as exigências da aniversariante!
 
Belo exemplar apresenta restauro na tampa na parte oval que foi um mau restauro na clivagem da massa e na pintura que lhe meteram verde...E no pé o mesmo.
Peça em cor monocromática a dourado velho com estampa floral sendo a tampa rematada com filete fino no rebordo, e a terrina no limite do bojo e no pé, com asas elegantes  em triângulo na face pintadas,  tampa  em elevação ao centro com fecho em pétalas relevadas em remate a laivos dourados que segura a pega  que imita um sinete, com filetes dourados de aba lavrada e pintada a cheio, um espanto esta terrina!
Visível o que falei do mau restauro, pasta rugosa e o verde no filete na curva
O vendedor disse-me que seria Produção de Coimbra.
Acredito que o seja pelo formato, decoração e pela cor . Fabrico  meados do século XIX(?) quando se iniciou em Coimbra o uso da estampa como desenho .
Veja-se o prato atribuído a fabrico de Coimbra sem dúvidas, que tenho há muitos anos  com a aba pintada em dourado.
O dourado foi herança do químico Vandelli que na sua fábrica do Rossio de Santa Clara inventou a partir da  palete primária das cores  então existentes, outras como esta.

Outra terrina a comprei pelo despique do meu marido que só gostou dela , assim, cada um ficou com a sua em caso de divórcio, e mais nada!
Pintura monocromática em azul-, mas um azul forte, intenso, a cobalto.
A decoração apresenta-se copiada da inglesa Davenport (?)  sequência de montinhos redondos a cheio que terminam com  bicos, na tampa a meio da aba se finar, o mesmo no limite do bojo da terrina e acima do pé , também no género na imitação nacional da  Loiça inglesa Shell Edged Pearl Ware(?).
Ao meio da tampa pétalas em relevo debruadas a azul com os raminhos finos pintados na mesma cor e na junção do remate da pega  que se apresenta altiva, de aba larga  e quinada pintada a cheio com bicos na direção do cimo para mostrar o centro rebatido, em branco. As pegas de formato belo, nascem em forma de triângulo,  ao meio pintadas em pendente de fila com folhas fechadas, para se abrir em aba larga , já a pega pintada de azul a cheio da ponta para dentro, e depois por finos filetes tipo raminhos até fechar, peça de elegância tamanha.
Apesar do vendedor dizer que é Coimbra, ainda assim acho bastante provável  que esta terrina pode ser doutro centro de fabrico-, pelo esmalte muito branco, azul cobalto, e delicadeza na pintura e formato, será  fabrico norte  Santo António do Vale da Piedade (?) atendendo os fragmentos arqueológicos da dissertação de mestrado efectuado no sitio desta fabrica que poderão ler aqui na internet.
Apresenta esbeiçadelas na pega como a foto documenta, de resto em muito bom estado
Pois tal como a primeira apresentada o vendedor atribui o seu fabrico a Coimbra, produção meados do século XIX.
Vim a pensar na cor do azul e no esmalte brilhante imensamente branco, sólido, de boa textura, e lembrei-me que tenho um prato mui semelhante, quando o adquiri julguei durante muito tempo ser Coimbra, mais tarde ao visitar o Museu Soares dos Reis, e ao ver a produção de Afurada, me catapultou para norte, entre esta, e Miragaia, apesar da minha amiga Isa Saraiva entendida me dizer também que é Coimbra.
Pois não sei, jamais vi algo semelhante em concreto assinado de Coimbra.Mas pode ser!
Travessa de coleção particular que entrou num catalogo de faiança portuguesa catalogada como Miragaia apesar de não ter MARCA. 
  • Apesar da fraca fotografia, a mim suscita-me ser produção de Coimbra ? pelo esmalte branco, desenho casario simplista, com os ramos bem vincados das árvores, só o rodapé lembra norte, mas assim também aqui foi pintado, ainda a aba recortada que na altura apareceram nas travessas também, e pelas pegas como a terrina acima. E já vi outra peça assim mas de corpo gomada.
  • Grande dúvida!

Por isso por agora assim ficam catalogadas com interrogativa, o costume!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Contraste de travessas em cantão popular norte(?) e China

O cantão popular extasia sempre o meu olhar.
Travessa apresenta o pagode com duas cúpulas em feitio de chapéus de padres(?) um maior que outro, na frente as portas parecem dois olhos com as sobrancelhas, ponte, e um barco com remadores.
O formato do salgueiro sem ponta,  noutras  fábricas de igual feitio mas com ponta, ao cimo dois montes, e por todo o lado tracejados em ziguezague, outros em formato ovalado, outros parecem olhos rasgados, ao lado do salgueiro árvore estratificada muito usada nesta decoração na pintura que se fez no norte em fábricas sediadas em Gaia.
O limite do covo apresenta grosso filete em azul limitado por dois finos tal como no rebordo, entre eles uma  grega e traços que pegam no filete fino de cima.
A decoração lembra fabrico norte -, Miragaia de uma determinada altura ou outra fábrica sediada em Gaia. 
Faz lembrar também alguma produção COIMBRÃ.O que pode evidenciar a probabilidade de ter sido fabricada entre Coimbra e norte(?).
É sempre difícil aferir a origem destas peças, os estudos que há são muito, muito fracos, e com isso se vão delineando hipóteses, atendendo ao esmiuçar de pormenores -, e evidências, que uma vez conjugadas se mostram mais perto da luz ao fundo do túnel.
Formato redondo apresenta esmalte branco, pasta homogénea láctea partida com três "gatos".
Esta pasta láctea é que me divide entre o norte e Coimbra(?)

Travessa minúscula a primeira que vi e comprei  em cantão CHINA da Companhia das Índias vinha em muito mau estado, colada.
O formato do salgueiro de ramos caídos foi muito pintado por Miragaia tal como as cúpulas arredondadas, a ponte e a árvore estratificada que se distingue no canto direito por detrás do pagode.
Contraste dos cantões
Cantão popular e o verdadeiro de uma determinada época que tal como por cá se fizeram nesta diversidade temática, apesar de em todos se contemplar o tema essencial, ainda assim, a variedade e a distorção de elementos e acrescento de outros, são rei.
Por isso para mim a graça em descodificar e contemplar em exposição tanta diversidade neste motivo encantador, basicamente releva um amor impossível da filha do mandarim , que vive no pagode,  decide fugir com o seu amante, rapaz pobre, por isso a ponte da fuga e o barco onde fugiram para os montes para longe.
Exemplares existem com duas pontes, noutras em que uma delas passa a barco com rodas ou arcos(?) e remadores de remos. Quando no original só existe uma ponte. 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Prato com motivo floral em faiança de Coimbra ( ?)

Comprei este simpático e alegre prato em faiança  na feira de S. Martinho do Porto na banca do Hermínio e do Paulo. Bajulada na atenção do preço por estar na aba partido.
Curiosamente o meu olhar encadeou no brilho que exala do esmalte e se revê no tardoz em esverdeado muito claro.Caraterística  que tenho vindo a encontrar referenciada a norte, Fervença, quiçá ainda outras fábricas OAL e,...(?).
E o prato à primeira vista catapultou-me  para Coimbra(?)...
Já o traço do manganês  gordo revela norte (?).
As cores OAL e Coimbra...
A ornamentação da aba já a tenho visto intervalada com pássaros-, perdizes, sendo o centro  com brasões, pratos de igual tamanho, mais grossos de textura, e sem  certeza julgo o manganês não é igual, atribuídos a Bandeira (?), da coleção do Dr. António Capucho havia vários, já vi pelos menos uns três.
Mas falta-lhes o brilho do esmalte deste meu, e claro o tardoz é limpo e este não, reflete cor.





















O barro com que foi feito é amarelo, revela-se num canto partido, e por dentro num "arrepiado".
O meu prato apresenta como motivo central um ramo floral em estampa em policromia cromática  com a flor em ocre, botões cerise, folhagem a dois tons, verde seco e castanho claro,  sendo circundado por filete fino em azul claro, sendo igual no rebordo.
A aba ornada com raminhos florais também em policromia cromática onde predomina o verde ervilha nas folhas, sendo as flores e botões em cerise , pedúnculos ligados por finos traços a manganês, o mesmo no olho das flores, e receptáculos florais dos botões.
O manganês apresenta-se  gordo no traço.
Sabendo que em Alcobaça usavam barro de primeira qualidade, por nas redondezas haverem barreiros de bom barro branco, a dúvida se aqui foi fabricado?
Porque razão digo isto?
Verão mais à frente.
Em tempos andou uma banca com faiança: alguidares, pratos grandes e outros deste tamanho, sendo que um em particular ornado de grande ramo de cravos em cerise, de esmalte e brilho assim igual, e outro prato pequeno em azul  forte também esborratado que até feria a vista, só com  a flor em estampa em grande tamanho e esmalte muito branco e fino. Havia outros dois grandes de textura grosseira e pintura grande sem brilho algum, alguns aventavam Coimbra(?).
O vendedor cansado das feiras acabou por vender o espólio ao Vitor e na feira de Algés na sua banca os reconheci, pedia 50€ pelo prato grande...Só consegui trazer duas taças semelhantes ao prato de hoje -, bom preço, porque uma taça estava partida no rebordo.Sabia que tinha de trazer alguma peça comigo, pois tanto as namorei na Ladra, Algés e Paço d'Arcos...
Na segunda feira na feira no Bombarral,  o Vitor vendeu o resto da faiança ás  sócias de seu nome "Paulas" que as  voltei a reencontrar na sua banca da Avª da Liberdade no sábado seguinte. 
Mais tarde na feira de Alcochete o antigo vendedor com a esposa e um neto ao passar pela minha banca , o seu olhar encadeou na taça que estava partida na aba, dizia para quem os acompanhava -, "esta taça era minha"  e foi sim -, conversamos, onde me confirma que se tinha deixado das feiras, e vendido ao Vitor a banca. Mais tarde numa visita a casa da minha amiga Isa Saraiva acabei por lhe oferecer esta partida sendo restauradora a vai deixar num brinco...
A taça já postava há tempos está referenciada no centro oleiro atribuído OAL, mas pode não ser! Pode ser Coimbra.
Juntei as evidências do formato, o barro amarelo e da nova cor variante do vermelho, a que chamo cerise, falta-lhe contudo o manganês. Apresenta o mesmo brilho esverdeado no tardoz. 
Esmalte craquelê e o prato não, mas isso poderá a haver com a cozedura, temperaturas diferentes. E no tempo a faiança altera-se com as diferenças de temperatura, já tive um prato nas mãos que se ficou em três, por ter estado muitos anos pendurado numa parede húmida e depois na feira à torreira do calor abriu.
Para mim ambas as  peças saíram da  mesma olaria.
O prato veio da região Oeste.Fica o enigma a sua origem se Coimbra ou OAL(?).
Inclino-me neste agora para atribuição a Coimbra! 
Em tempos postei um belo prato com andorinhas que o tardoz reflete o mesmo esverdeado e seguramente é Coimbra por volta de 1880(?) cuja travessa mui semelhante com o Santo António se encontra no Museu Machado Castro.
Dissecadas dúvidas, as maiores-, Coimbra numa determinada época de bom esmalte e cores em brique, cerise, escarlate derivadas do vermelho tão típico de Coimbra!

Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...