segunda-feira, 13 de maio de 2013

Faiança de Darque, Viana (?) tom amora motivo cantão popular

Ontem na feira das Caldas da Rainha encontrei na banca do Paulo e do Hermínio um canjirão, infusa ou jarro  - tantos nomes para a mesma peça usada para vinho, quero acreditar. 
Peça em faiança com pintura cantão popular em tom amora e aguada da mesma tonalidade.
  • Muito usada, nota-se pela asa a falta de esmalte. O pé  e parte do gargalo e bocal foram restaurados.No entanto a peça vale pela pintura no bojo, fabulosa!
  • Dizia-me o vendedor que era fabrico de Coimbra, eventualmente Alcobaça obra de José Reis...mas palpita-me fabrico do norte Darque, Viana.
Não me baixou o preço que me estabeleceu logo de manhã  quando sai do meu estaminé  feira fora para andar a namorar faiança...uma paixão!

A tirar as fotos lembrei-me que tenho outra parecida sem asa , achei oportuno fotografar as duas peças para comparação.Quer o pé quer o pescoço ou gargalo são diferentes.
Na que comprei é bem diferenciado o gargalo e na outra o bojo acompanha sem quebra o gargalo.Vistas de frente a  que comprei agora vê-se o pé e na outra não, encoberta  pelo bojo.
  • Estou a estudá-la, claro! Atrevida alvitro que me parece ser obra de José Reis em Alcobaça segui a linha do casario com várias janelas em altura , muito cheio com flores e ramagens a dois tons em aguada que no caso dá à peça uma beleza intemporal. Este tom era tirado de um seixo da região de Leiria (?).
Relendo o livro de José Queirós encontro a asa com semelhança, embora com ligeira curvatura a minha,  o pé e até o pescoço do gargalo atribuído a Caminha .

 

  • A minha outra enfusa julgo ser  fabrico de Coimbra pela pintura manganês, pelo esponjado e pela  cercadura abaixo do gargalo às ondinhas.
  • Ambas foram feitas com barro branco.

Este meu prato tem o filete do rebordo na cor amora e a decoração lembra a cor do Juncal fainça José Reis em Alcobaça
O canijão apresenta uma pintura manual  do século XIX  na imitação da decoração da porcelana de Cantão com o pagode e salgueiros -, o nosso cantão popular, pintado ao sabor e criatividade do pintor por isso ser tão interessante.
  • O canijão apresenta  cinco cúpulas  no casario sendo quatro diferentes, a maior apresenta ao centro um espigão com esfera.
  • Arabescos em jeito de junco muito evidentes em volta das cúpulas.
  • Ponte do lado esquerdo com quatro arcos com pintura reveladora da simetria da pedra.
  • Ziguezagues de linhas no preenchimento do desenho.
  • Interessante o rodapé do motivo principal aos bicos, muito visível de lado como pintado em Coimbra nessa altura imitado depois por  Caminha, e  vastamente  pela fábrica Cavaco em Gaia e Darque .

  •  Peça do  Museu Abade de Baçal, assinada "V" a vinoso retirada do Matriznet.
  • A mais semelhante com a minha que sofreu restauro na base do pé e do gargalo
  • Será Viana?  - esse o maior desafio!
Outra peça de Museu do Abade de Baçal um bule assinado "V"


2 comentários:

  1. Olá Maria Isabel, realmente uma peça fora do vulgar, muito bonita, diria até única ou quase única, parabéns pela compra. Também conheço o Hermínio e o Paulo, o Hermínio é um poço de conhecimento, é muito agradável conversar com ele. Bjnhs, js

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  2. Olá JS que coincidência mais um conhecimento. Esta parceria é de fato muito interessante.Eu conheci-os na Expo nas Caldas tem em comum outro amigo Hector amante de Sacavém que conheci na minha primeira feira das Caldas. No domingo trouxe-me água oxigenada especial para limpar as peças da gordura e sujidade. Tenho essa tarefa para fazer.
    O Dr Jorge Sampaio tem na sua coleção peças muito idênticas atribuídas a José Reis.
    Bem haja pelo elogio...pois devem haver poucas peças iguais ou mesmo quase nenhuma!
    Fica o desafio.
    Bjs
    Isabel

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