segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Faiança de Coimbra (?) cariz mortiço repleto de estória!

Numa destas últimas feiras na Costa da Caparica encontrei um casal feirante muito simpático- colegas destes podem vir mais - Cristina e Miguel  - andam com um prato de grandes dimensões à venda que me prendeu o olhar - não que seja gracioso na palete cromática da policromia - prendeu-me o olhar o esmalte - em tom de grão a picar amarelo torrado,e o seu estado impecável de conservação.

Pedi autorização para o fotografar na banca - recebi doce sorriso de cortesia.
A luminosidade do meio da manhã não deu o real destaque do esmalte que falei - pois é!

Curiosamente nas minhas pesquisas encontrei uma foto do blog  sobre loiça de Sacavém - MAFLS que aqui vos apresento em jeito de cortesia.

Azulejo com muita semelhança na distribuição do desenho - só as flores são diferentes.
 
E aqui reside o problema!
Prato de aspeto mortiço com motivo central  estampilhado ao centro com flor em ocre ladeada com pequenas flores com pétalas tipo coração  e folhagem em tons acastanhados.
Apresenta ligeiro filete no limite do covo a meia tinta castanha e a meio  da aba outros três sob estampilha floral no mesmo tom que a meu ver  não dá graciosidade ao prato. Massa grosseira de esmalte escorrido com buraquinhos.
  • A flor central foi vastamente pintada por outras fábricas 
  • O meu palpite - Coimbra pela tonalidade esbatida, pelas flores pequenas em jeito de coração e pelo esmalte
  • Tendo sido descoberto em Lisboa onde laborava muita fábrica,  o desenho central é muito semelhante com o azulejo da fábrica de Sacavém...ficam as dúvidas!
Pode não ter  aspeto apelativo ao olhar contudo tem uma estória. Foi encontrado há mais de 20 anos numas obras de remodelação no Convento do Beato.O empreiteiro ganhou com a descoberta de grande acervo de faiança que haveria de vender a um antiquário julgo a 25 contos cada peça. Por honra da firma...agraciou um dos operários com este prato, não sei se mais algum.
Julgo estaria em stock na copa do convento , parece novo em folha. Agora saber a sua proveniência?
espiral ao centro gravada na massa
  • O tardoz apresenta uma carateristica muito peculiar - ao centro gravada na massa - uma espiral como se usava na parte da frente na loiça ratinha em Coimbra e uma ligeira pincelada em manganês.
Porventura será fabrico dos finais do século XIX inicio XX.

Desabafo:
A lei deveria mudar no caso de se encontrarem tesouros em remodelações - o espólio encontrado é sempre do empreiteiro e nunca do dono da obra ou do operário que o descobre. Há uns anos foi uma panela de ferro em Lisboa cheia de bordões d'oiro, no convento foi faiança, nos claustros da Sé de Lisboa há anos vi moedas de oiro a serem guardadas em cofres de banco para serem vendidas em Londres( que o jornaleiro iletrado mas esperto comprava aos operários a troco de míseros trocos... e,...assim se perde o património que deveria ser deste País. Fora os que andam com detetor de metais em sítios específicos à procura de moedas:cobre, prata e oiro...há dias deram-me uma em cobre - romana encontrada em Beja.


Pediam 50 € - tendo estória é barato!
  • Curiosamente foi hoje  dia 26 de janeiro de 2013 vendido na feira da ladra a um espanhol.

Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...