quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dia da Poupança - Mealheiros

Dia da Poupança - 31 de outubro!
Há mais de 30 anos que aprendi a dar valor a este dia - ao que ele incita.

Deixo-vos com estes exemplares de MEALHEIROS.

Quem se lembra destes do Montepio Geral?

Foi assim que começou a poupança da minha filha, com as oferendas do seu batizado - 5 contos de réis em 1982.


Hoje são memórias guardadas na escrivaninha do seu quarto de solteira.
Continua a fazer poupanças todos os meses - apesar de ordenado baixo para a responsabilidade do seu trabalho. 
Hoje já não usa mealheiros - num segundo com as novas tecnologias o dinheiro salta da conta à ordem para a conta a prazo - onde dorme poucas horas para não dar azo a aventuras em gastos supérfluos. 
A poupança deu-lhe para comprar a sua parte na casa que adquiriu com o namorado.
Claro que o seu gordo mealheiro tem muito de mim - da minha persistência nestes 30 anos.
No poupar é que está o ganho - lá diz o ditado - também só o tem quem o poupa ou grão a grão enche a galinha o papo!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Mostardeira da fábrica de Alcântara

Para os amantes da loiça da Fábrica de Alcântara . Mostardeira graciosa  ornada a florzinhas em tom rosa com dourados do tipo sopeira agarrada ao prato com colher de prata - também imitada por Sacavém mas sem a graciosidade dos pormenores das asas e do tamanho - esta maior...a colher em prata é minha  - achei que fica bem pela forma como termina no cabo.
Marca gravada na pasta Alcântara - Lisboa 5 J - Segundo o que li no  livro de José Queiroz produção a partir de 1897.
Comprei-a na feira do Montijo ao meu colega e amigo Santiago - sabe-se lá aos anos que anda com ela. Mais de metade da mercadoria nunca a expõe na banca, só nas feiras anuais.Nunca tinha visto outra assim igual - aparecem umas do género de Sacavém e outras em oval tipo terrinas - ironia do destino ontem em Algés vi uma  com a asa partida , sem marca decorada a filetes finos de resto igualzinha, e  outra em forma de  terrina com a colher em porcelana - também  nunca tinha visto. 
Hoje na feira da ladra encontrei esta  co marca na pasta sem tampa e com um cabelo por um euro... não resisti a mostra-la.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cerâmica crua e pintada em peças variadas

Prefaciando a leitura do livro de José Queiroz - "A cerâmica é uma das manifestações do engenho humano que mais tem prendido a atenção do homem. Todo o mundo civilizado tem por essa opulenta arte da forma, e da cor o culto que é devido às obras (verdadeiramente significativas, capazes de atingir alta beleza). Desde o príncipe, até à criatura mais humilde, quem não lhe tem dedicado interesse e até amor?"
"A cerâmica reflete o carácter do povo que a produz: nas suas formas está a poesia de cada nacionalidade, na cor os diferentes aspetos de cada país, pois nos dá ao mesmo tempo conta da policromia dos campos, da intensidade da luz que os ilumina, da alegria ou tristeza dos seus cultivadores. O bem estar do artista, quando trabalha reflecte-se  na sua obra, e esse estado de espírito é quase sempre, produzido pelo meio em que o artista vive" 
Isto para vos mostrar algumas peças em cerâmica da minha coleção usadas no passado - algumas delas persistem a continuidade do seu  uso por muita gente - sou uma dessas pessoas!

Mealheiro -  típica loiça obtém-se através de um processo de cozedura redutora que permite obter loiça de barro de cor negra e brilho metálico, presume-se que os oleiros desenvolveram esta técnica de modo a imitarem o aspecto da loiça metálica. O barro começa a ser moldado na roda do oleiro. Depois, as peças são secas lentamente ao ar para perderem parte da água que existe no barro sem estalar. Antes de serem cozidas as peças são “brunidas”, ou seja, são alisadas com um seixo, existindo seixos na posse da mesma família há mais de cem anos. Este alisamento do barro é o que origina, no final, o brilho metálico característico e exclusivo destas peças de loiça preta de Molelos.
Flor da fábrica  Bordalo Pinheiro
Andorinhas...Caldas








          Jarro escorrido das Caldas


 Infusas - Aveiro, norte e Caldas


 Pesos de rede, bico e bocal de ânfora
Bandejas
Azeitoneira Bordalo Pinheiro
Canijão das Caldas
pratinho decorativo com limões

Ânfora ?
 
Tagulae e inbrix romanas



com cavidade para encaixe
                   Moldes de fazer o requeijão


Cântaro
Talha ornada a cordas no passado guardou chouriças em azeite e a cor preta advêm do fumo

Tijolos e telhas de Almofala
Bacia ratinha torta pela cozedura

Caneca típica do artesanato das Caldas com o sapo dentro







             Moringa das Caldas


comprei na feira de Pombal e veio das faldas do Vale da Couda a caminho da serra de Alvaiázere.
Na foto abaixo no dorso da moringa notam-se umas manhas em amarelo - tal já vi noutras peças em casa de uns tios - será a marca do oleiro?
Pote asado que a minha madrinha me ofereceu nele ostento as cordas que antanho se usavam para fazerem marcações nos terrenos ou feitura de alicerces para uma casa
Açucareiros do almerce onde se punha o leite a coalhar para fazer o queijo. Um deles tem queimbos - atados a cordas puxavam ramos e,...


Púcara do café
Bilha - o branco não faço ideia do que teve no passado - não saí!


 
Pote de guardar os queijos do Rabaçal, alguidar que a minha sogra levava para a safra da ceifa e já agora a malga de S. Roque - Aveiro

Alguidares e taça do crescente da broa

 faço bolinhas de pão
Os meus tachos...já tenho mais!

A minha tigelada feita no forno a lenha

pucarinhas para derreter enxunda de galinha para curar maleitas da constipação
pote asado guardador das chouriças em azeite



bilhas de água - a grande herança do meu marido a outra comprei-a na feira da ladra

Espero que vos tenha agradado com  esta amostragem

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fábrica Cavaco(?) motivo Peixe

Há que tempos ando para comprar um prato com o Peixe pintado ao centro...a fazer lembrar o tempo em que os cachopos na roda da bacia assente no tripé com o aferventado de nabos  diziam em voz alta - n'nha mãe onde está o peixe? resposta escorreita - está no fundo do prato...estava mesmo - mas pintado - grande a criatividade dos oleiros naquela época de extrema  pobreza.

Encontrei-o prostrado num estaminé de chão na feira de Montemor o Novo - senti que o colega - Sr Carlos  me ludibriou - acha-me com cara de dinheiro! A doidice da compra  já vinha de casa, ao chegar à feira soube que o Sr Orlando estava no hospital - coitado do "cigano", e de mim que me convenci que ele me trazia o prato com o Peixe que há meses deixou cair do tripé - lindíssimo em cores claras talves Vanderlli igual antes já vira outro maravilhoso por 200€ ...fiquei triste pela maleita que o acometeu, também por não o trazer - tal transtorno estrangulou-me o raciocínio - estive com poucas  modas no regateio quando encontrei mais acima este - não sendo o meu favorito remediou a minha amargura naquele dia de grande expetativa!
Tardoz com evidencia de escorridos do esmalte. Possivelmente fabrico dos finais do século XIX início de XX.Na foto abaixo nota-se o escorrido do esmalte que falei.

Apresenta um "cabelo" com decoração em policromia com um peixe ao centro em duas tonalidades:verde e amarelo, linhas em manganês a imitar guelras, e o olho de sobrancelha arregalada - barbatanas a ocre - à sua volta estrelas em azul. Aba em estampa de flores: amarelo ocre e azul e motivo geométrico de chapa recortada em manganês.
Vejam-se as semelhanças no esmaltado em tom rosado no prato e na travessa - tantas peças que tenho e nada assim igual!

Tenho muita dificuldade em atribuir a origem de fabrico deste prato tal o mesmo se aplica à travessa que adquiri há tempos.O vidrado é igual. Agora saber a sua origem? A travessa com folhagem fina evidencia fabrico de Coimbra (?) ou norte - constato uma delicadeza na pintura - sem dúvida. O que me intriga é mesmo a cor rosada do vidrado que no caso da travessa ainda se acentua mais na aba impregnada no martelado da massa . A fábrica CAVACO em Gaia pintou este motivo  - aparecem muitos pratos pequenos - acredito muitas outras fábricas seguiram o mesmo desenho - Aveiro, Bandeira ( num prato abaixo o olho do peixe é igual), e outras pelo norte.

A minha intuição diz-me poder ser fabrico CAVACO - em tempos vi uma travessa assinada com o mesmo vidrado...desenho do olho... tonalidade em manganês.

Cortesia do conhecimento do Jorge Saraiva um assíduo comentador e bom amigo - passo a transmitir, muito engrandece este post sobre a dúvida que levantei - aspeto rosado

"A faiança mais fina (séc. XIX e início do XX) era chacotada ou biscoitada, ou seja, após a conformação era seca, cozida, posteriormente vidrada, e decorada em cima do vidrado cru ou cozido com decalques e/ou tintas de baixo fogo. A faiança mais grosseira (alguns pratos de maior espessura e as palanganas, por exemplo)eram manufacturadas em monocozedura, ou seja eram conformadas, secas, vidradas e pintadas sobre o vidrado cru - de seguida cozidas, em forno a lenha, pois claro.Uma coloração mais rosada de uma peça -, é uma característica de peças de monocozedura que não atingiu a temperatura de cozedura adequada -, não tendo a pasta desenvolvido a coloração branca -, o normal é o vidrado ficar mate (não brilhante). Portanto essa coloração não tem a ver com a cor do vidrado mas sim do suporte cerâmico. Os vidrados dessa época eram como os que apresenta, desenvolviam opacidade (para tapar a coloração da pasta) e brilho -, eram à base de óxido de estanho (opacificante) e de óxido de chumbo (zarcão) para desenvolver o brilho. As caixas refractárias onde eram colocadas as peças para as proteger dos gases e facilitar a enforna das peças nos fornos a lenha também impediam uma homogeneização da temperatura dentro do forno tal como a própria medição da temperatura era a "olho" (olhavam para dentro da cúpula do forno quando estivesse de cor laranja límpido, deixava-se de colocar lenha. Ora a lenha, o forno, as caixas, etc, davam origem a diferenças de temperatura que poderiam ser superiores a 40ºC  - o que fazia que em cada fornada saíssem peças óptimas e brilhantes, bem como peças com vidrado fervido, outras tortas (pelo excesso de temperatura), ainda peças baças, e rosadas (por não terem atingido a temperatura óptima).
Portanto -, discutir e comparar cores e texturas de vidrados (e a intensidade das cores da decoração) para deduzir a proveniência de uma peça comparando com outras pode levar a erros visto que em cada fornada saiam sempre peças com características diferentes. 

Espero ter contribuído para aumentar a "confusão" ou "discernimento" da proveniência da faiança antiga..."

Alguns exemplares para apreciação
Este é da minha coleção
PRATO COM PEIXE FAIANÇA DO NORTE
Fábrica Cavaco de Gaia apesar de não estar assinado ninguém tem dúvidas
Prato Viuva Lamego com peixe ao centro
Viúva Lamego assinado
Museu Arte Popular - Fabrico do Minho

Foto retirada de leilão Fábrica Bandeira ? 


Museu da Cerâmica - Fábrica da Bandeira


Museu Arte Popular - Fabrico do Minho - eu diria de Coimbra pelos traços ao alto na aba


Vou continuar a procurar mais elementos de sustentabilidade para atribuição segura do seu fabrico.

Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...