sexta-feira, 16 de março de 2012

Velharias que comprei para a minha filha

   
Ao ver esta pequenita arca na feira de Oeiras, não pude deixar de a  comprar. 
Barata. Fez-me recordar a minha infância.
Quando nasci a minha avó materna Maria da Luz ofereceu-me uma em tamanho normal para começar a fazer o meu enxoval. Apesar dos trambolhões, ainda resiste. Vive numa das minhas casas, comprei-lhe uns pezinhos em madeira na feira de Tomar e serve para guardar a lenha para a lareira.As latinhas a debruar os cantos são verdes, talvez por isso me apaixonei pelo Sporting ao vê-la desde que nasci.

Usaram-se há 60 anos.Esta, possivelmente guardou segredos. Foi arrombada a fechadura. Tivemos de procurar uma chave que desse para a abrir e o meu marido fez-lhe o espelho que não tinha.Ficou igualzinha ao antigamente!


Forrada por dentro e por fora com papel ás flores, uma doçura. O tempo encarregou.-se de o desbotar por fora. Só o fundo e por dentro ainda resiste a traça antiga. 
Falta-lhe também o tabuleiro, ainda se vêem os suportes nos cantos.

Claro que achei logo que a minha filha a ia adorar. Não me enganei. Conheço bem o seu gosto!
Ainda comprei mais umas coisitas...
Comprei-lhe também este bule. Fez-me lembrar os do norte de África, feito por tuaregues.

Não resisti a este clarim em latão e cobre. Ainda pensei  que o poderia vender a bom preço. Ela gostou logo dele. Coisas e loisas que aguardam no seu quarto para depois apreciar na sua casa nova. Sim, a mansarda é tão pequenina que não cabe mais nada!

Um reparo em jeito de rodapé a um comentário que exclui por ser desagradável de uma tal Gertrudes Adosinda não sei das quantas...

Qualquer pessoa de bom gosto aprecia  objetos antigos numa casa minimalista, que é o caso da minha filha.
E, depois gostos não se discutem.Por isso somos todos bem diferentes.Isto para responder a uma intrometida que opinou com desagrado sobre o gosto da minha filha..."coitadinha saiu à mãe". Pois cara D. Gertrudes Adozinha não sei das quantas, não sei se é mãe. Eu sou e, tenho muito orgulho na minha filha. Tomara muita gente ter assim uma. Além de lindíssima,é  boa, generosa, inteligente. A quem ensinei  ter gosto pela cultura dos nossos antepassados. Pois só sabendo se pode avaliar seja o que for. Por isso o país tem solares e quintas ao abandono por falta de pais que não ensinaram os filhos como continuar a manter e preservar e, também no pior pela partilha na herança. Triste é ir a feiras e ver o espólio completo de casas cujos donos morreram...Molduras que estiveram anos na cómoda, rendas, linhos, porcelanas, pratas, ouro, tudo ali está. Porque alguns filhos só se preocupam com o dinheiro que está no banco. Fui bancária. O que me custou mais na minha actividade foi conviver com gente  que lhe tinham morrido os pais, os corpos ainda quentes e acorriam de rajada ao banco à procura da fortuna...
Os gostos são eclécticos.Há tantos blogs de todas as especialidades, por que raio se escandalizou com estas lindas ofertas que fiz para a minha filha.Faltou-me ao respeito e à minha filha também e, isso não lhe admito. Não desço ao seu patamar. SOU UMA SENHORA! 
Digo apenas, vá-se curar !

10 comentários:

  1. Olá M Isa
    Muito bonita a sua mala/arca. Lembro-me de haver uma lá em casa, com as tiras de latão e também já sem chave. Estavam lá guardados os fatos de máscara que a minha mãe me fazia e que eu usava ao longo do ano, para me divertir com a minha irmã.
    Ficam sempre bem nas casas de campo, com várias molduras, ou pequenas peças avulsas, numa mistura aleatória, agradável à vista e que nos satisfaz.
    Achei interessante o seu clarim. Vi, há tempos, um aproveitado para candeeiro. O amarelo envelhecido do latão, com um vibrante vermelho do abajour, resultaram num casamento feliz.
    if

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  2. Olá IF. Muito obrigada pelo seu comentário,acho sempre muita graça ver peças que me transportam até à infância. Pelos vistos a si esta mala/arca também.Bem haja por partilhar as suas emoções. E a dica sobre o clarim para candeeiro.
    Abraço
    Isabel

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  3. Olá Maria Isabel
    Já vi que teve um aborrecimento. São sempre incomodativos os comentários grosseiros e indelicados, mas vamos ao que interessa, ou seja, as lindas velharias que comprou para a sua filha. A arca é um encanto. Em casa dos meus pais havia duas o três,mas revestidas a folha, e viajaram muitas vezes entre Luanda e Lisboa e vice-versa. Eram as chamadas malas de porão, pois aí permaneciam durante toda viagem de barco. Uma vez em casa, estas malas, serviam de gavetão. As roupas que não se usavam correntemente guardavam-se aí. Em criança deliciava-me com o tal tabuleiro que refere.
    O clarim é muito bonito e ficará muito bem em qualquer recanto.
    Abraços e boa semana

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  4. Desculpem-me a ousadia de interferir mais uma vez nos vossos post's, mas fiquei com a sensação de que não se aperceberam de que se trata de uma mala de porão em miniatura. Peça muito bonita e engraçada que nos remete para a infância. Tenho uma igual, com o respectivo tabuleiro.
    Quanto ao facto de serem peças para oferecer à sua filha, os meus parabéns por ter sabido transmitir o gosto pelas coisas bonitas e com história de que gosta!Eu não tive tanta sorte...
    O bule é uma peça muito bonita.
    Boa semana e mais uma vez as minhas desculpas pela invasão.

    Ana Silva

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  5. Olá Maria Paula. Muito obrigada pelo seu comentário
    É como diz,comentários grosseiros e indelicados deveriam ser evitados. Quem não gosta passa à frente. De certa forma é a anarquia que se assiste a cada dia nesta era da tecnologia. Por não mostrarem a cara julgam que podem vomitar a sua raiva contra a vida e rebaixar os demais com faltas de respeito pelos seus gostos.Ainda há gente que nunca bebeu chá...

    Precisamente a mala/arca achei-a interessante pela recordação que me trouxe, tal como a si. Isso é o mais importante. Porque recordar é reviver.

    Curiosamente ontem na feira de Paço d'Arcos vi uma das que fala toda revestida a folha em vermelho com arabescos a preto 3 vezes maior que a minha.Com o tabuleiro. Só que pedia com desconto 30€.

    Boa semana de trabalho
    Beijos
    Isabel

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  6. Seja bem vinda ao meu blog Ana Silva.
    Muito obrigada pelo seu comentário.
    Não é invasão nenhuma a sua intervenção. Apareça sempre e opine. Gosto de aprender e de partilhar.
    É como diz, a dita senhora não se apercebeu que se trata de uma mala em miniatura...tudo por falta de cultura e de saber interpretar um texto corrido. Se ela soubesse ler, teria por certo percebido. Outra coisa é não gostar. Aceito. Agora não tinha o direito de ser indiscreta e malcriada.É o risco de se escrever para o mundo...

    Abraço
    Isabel

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  7. Olá Isa
    Lindas peças
    Sua filhota vai ficar feliz
    Eu também adoro coisas antigas das nossas avós
    Tenho um mundo de velharias,mas com a crise e este desemprego...não consigo vender nem uma peça
    Dói-me a alma
    Não me desfaço delas por nada
    Prefiro oferecer
    A Isa tem gosto por antiguidades e transmitiu isso á sua fôfa
    Lindo.
    Tenho 3 mas nem uma gosta de velharias
    Dizem,mãmã a casa parece um museu
    Tudo Sacavem,V.A,Massarelos ,S.P
    etc
    Serviços de chá lindissimos,chavenas espetaculares etc
    Não gostam,pronto
    Admiro a sua filha e desejo que tenha muita felicidade na sua pequena mansarda,decorada com as peças lindas que a mãe lhe vai oferecendo
    Os seus tesouros
    Um abraço

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  8. Olá Maria, seja bem vinda ao meu blog. Muito obrigada pelo seu comentário.
    Sabe, incuti-lhe este espírito desde pequena. Claro que as nossas casas, e eu tenho 3 são autênticos museus. Elas disso não gostam. Seja na mansarda, seja noutra casa o que ela gosta é de algumas peças que nada tem umas com as outras e no conjunto fazem uma decoração espectacular.
    Por exemplo há tempos comprei-lhe 4 tacinhas de chá da dinastia Ming. Uma preciosidade. O mês passado comprei-lhe um relógio de sol com bússola, uma peça de coleção rara usada pelos capatazes das grandes fazendas.

    Maria...adorava ser sua filha para herdar as suas velharias...desculpe a ousadia. Mote para se rir. Também faz bem
    Um abraço
    Isabel

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  9. Olá,Isa
    Adorei a sua ousadia
    Não precisa ser minha filha para herdar
    Terei muito gosto em lhe oferecer certas peças antigas
    A si e a sua fôfa
    Gosta de paliteiros bem antigos?
    Pratos soltos e chavenas?
    Copos de vidro bem bonitos e antigos?Filhos únicos
    Depois falaremos melhor
    Um abraço

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  10. Olá Maria. Que agradável surpresa constatar que voltou para ler o meu comentário. Gostei. Reparo que é uma mulher de "gema", "de boa onda", curiosa. Amazing!
    Estive ausente na província num fim de semana prolongado, por isso a demora na resposta.
    Quando me quiser contatar pode ser via e-mail , o endereço está no blog.Dormi com as suas palavras a bailar na minha cabeça... Adoro quando me oferecem coisas,também adoro dar.
    Sou doidinha por velharias, então loiça é demais, a minha favorita: faiança e, todas as fábricas portuguesas; vidros casca de cebola e lavrados; paliteiros, há 3 anos roubaram-me de uma casita rural a minha pequena coleção...no total contei 50 peças em loiça.Comecei nas feiras há coisa de 30 anos, nas compras. Curei uma depressão praticamente sem medicação a percorrer feiras aos fins de semana.Desde agosto passado, que me dediquei na variante das vendas por aqui na região de Setúbal e na do centro quando vou à província, este domingo fiz a feira de Torres Novas. Vendo peças que entretanto foram substituídas por outras, de amigos que remodelaram as casas,também da minha mãe e da minha irmã arrumadas em caixotes há anos.O mercado decaiu imenso, muito pela recessão que se sente nos dias de hoje. Só aparece o colecionador aposentado, com boa reforma, o comprador médio como eu era esse é raro, tem outras prioridades.Sou teimosa, continuo a ir porque gosto do buliço e da conversa com gente anónima. O que faço não dá nem para o combustível. Mas a carolice é demais.

    Agradeço mais uma vez as suas gentis palavras e generosas ofertas.Aqui neste espaço não é inédito, o que revela que existe ainda gente de boa índole no nosso país, coisa mais gratificante, a generosidade, o prazer de ofertar,naquela de fazer jus ao ditado popular" quanto mais damos mais temos".
    Achei semelhanças na nossa personalidade!

    Um abraço
    Isabel

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