quinta-feira, 1 de março de 2012

Faiança da OAL - Alcobaça


Pratinho da OAL. Assinado. Estado novo.Possivelmente o seu fabrico na década 35/40. Adquirido na feira de Algés a um preço baixo.Curiosamente na última feira de Paço d'Arcos vi um igual, de grande dimensão também assinado, em Algés continuava na banca, melhor sorte tiveram os de Coimbra que já tinham sido vendidos.Pude contudo apreciar na mesma banca outro grande prato com um coração ao centro e a palavra AMOR, na orla arabescos tal qual se pintavam nos ratinhos, uma variante trazida de Coimbra pelo mestre  José dos Reis dos Santos que aqui fundou uma  pequena  fábrica, a primeira em 1875, aos mais leigos facilmente se podem confundir e atribuir o fabrico a Coimbra. Há contudo grandes diferenças, sobretudo no brilho e no esmalte mais apurado que se fabricava em Alcobaça. A pintura do "cavalinho"  distingue -se de todas as demais reproduções  feitas noutras fábricas, parece mais artesanal, apesar de estampa, o desenho apresenta-se ingénuo, com as casinhas feitas à primária e aberto no espaço, apresenta também geralmente rodapés no motivo central em esponjado na palete de cores diria únicas " séptia, castanhos, cinzas, amora, fortes e esbatidas.

Em 1900 a fábrica passa à posse de Manuel Ferreira da Bernarda. A partir de 1927, a criação da «Olaria de Alcobaça» propicia uma viragem total no tipo de produção. Da concorrência salutar que se estabeleceu entre essa fábrica e a «Raul da Bernarda», surge um novo género, seguido pelas novas fábricas criadas pelos antigos funcionários destas duas – é o auge da «louça artística de Alcobaça». Após a Grande Guerra, têm início as exportações. Na década de 50, Alcobaça apresenta criações de design arrojado e, em meados dos anos 80, afirma-se como um dos principais centros cerâmicos nacionais e um dos principais sectores da industria que mais movimentou a economia desta região, ao mesmo tempo que criou imagem de marca, em Portugal e no Mundo.

Num gesto simplista para homenagear a OAL, melhor a faiança de Alcobaça decidi juntar o meu pratinho com decoração "Faixas de Rouen" simplista sem reservas, tão presentes que foram noutras fábricas desde os finais do último quartel do século XVIII : Rato; Brioso; Massarelos e Juncal.
Ao centro uma decoração floral a chamada flor de morangueiro com folhagem de avencas. A cor era obtida de seixos da região que ditavam a tonalidade,  tipo borra de vinho que outros chamam de outras maneiras...morado e,...
Decidi expo-la junto a um covilhete atribuído a Raul da Bernarda. Duas peças de inegável valor. Diferentes de tudo.Espero que também gostem, tal como eu quando o meu olhar se encadeou com ele num cantinho do estaminé quase debaixo dos pés de um hipotético cliente...
Uma das  minhas paixões - pratos pequenos.
Este mesmo assim tem 15 cm, deveria ser de doce.

2 comentários:

  1. Olá MIsa
    Muito elegante o seu pequeno prato da OAL. Embora as recordações que eu tenho da produção cerâmica alcobacense estejam mais ligadas às peças de um azul forte, características da segunda metade do século XX,esta que apresenta é muito singela e lembra a produção de Viana, principalmente pelo rebordo recortado.
    No entanto, algumas peças mais rudes seguem a linha da faiança Ratinha. De facto, João dos Reis, vindo de Coimbra, fundou a sua manufactura com o mesmo espírito de produção de faiança mais barata e grosseira, destinada à população de mais fracos recursos. Os motivos são semelhantes, embora as cercaduras sejam mais cheias, com cores mais fortes e as pinceladas mais fortes.
    Cumprimentos.
    if

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  2. Olá IF.
    Bem vinda, sinto-me agraciada por sentir que passa pelo meu blog e, de vez em quando comenta um post.
    Muito obrigada!
    Os seus comentários são sempre carregados de sabedoria,enriquecem o post, uma mais valia.
    Acredito deixam o leitor com mais vontade de conhecer as outras variantes que irradiam neste mundo que nos une as faianças.
    Cumprimentos
    Isabel

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