quarta-feira, 28 de março de 2012

Outra vez os Caes de Fó

Cães de Fó em porcelana chinesa. Marcados com numeração, seguramente mais de 50 anos.A maioria trazida por gente que viveu em Macau. Ciclicamente aparecem...como tudo, há medida que as pessoas desaparecem desta vida, os familiares vendem o espólio ao desbarato...porque os compradores entram para o ver, a estratégia é apreciar aquilo que não gostam em detrimento das coisas boas. Os vendedores desesperados para fazer dinheiro e verem-se livres instigam, então não quer tudo?...naquilo o comprador do recheio diz "olhe dou-lhe X, por tudo só para se ver livre"...A lábia da maioria é esta, fui um que me contou e noutro a ouvi contar a um amigo, por uma "tuta e meia" levam tudo e fazem bom dinheiro e ainda se gabam. Pois é !
Comprei-os na feira de Torres Novas. Irresistível não os trazer comigo.O colega fez-me um desconto, mesmo assim o preço, igual ao conjunto mais pequeno. Os outros foram muito baratos. Tive muita sorte.
Estes os primeiros que conheço em policromia cromática.
O macho identifica-se por ter a pata em cima do mundo, a fêmea tem a pata em cima do filhote.
Em família
Além destes, há tempos comprei outro conjunto em  azul turquesa médios que ofereci à minha filha, tal como os pequeninos que aqui estão na frente também os comprei para ela.

Soube há pouco que a Cerâmica Infante D. Henrique Lda em  Barcelos  reproduziram Cães de Fó em gesso - os  laterais na frente  - tinha o preço - 60 escudos.

Meus guardiões da casa!
Quando passo ao hall, sou instigada a imitá-los. Suar sons de rosnar, ladrar...béu, béu...gosto dos apoquentar!
O grande é o macho, o colorido a fêmea e o pequenito o filhote, assim os passei a classificar.
Na entrada
Os conjuntos a dois tons de azulado  e branco não vidrado são guardiões das fotos de família a preto e branco na sala.
Tenho visto outros do tamanho dos exemplares maiores em tonalidade de amarelo e até cor de tijolo.
Espero não perder a cabeça com mais compras de Cães de Fó.
A pergunta impoe-se, será que resisto à tentação???


segunda-feira, 19 de março de 2012

Faiança motivo flor do morangueiro Miragaia (?)


Ora aqui está mais um pratinho, das minhas peças favoritas.Foi o meu marido que o descobriu no estaminé prostrado no chão. Apesar de muito uso, não resisti a comprá-lo.
  • O vendedor vendeu-mo como se fosse  holandês de Delf!
Na altura por estar acompanhada com uma amiga, ao olhar para ele me diz "não parece antigo"...perdi-me a regatear o preço...

  • Perplexa. Será o meu pratinho português?
Não sou especialista em loiça holandesa. A que conheço é mais leve e porcelana.

Gostei do motivo central: Flor do morangueiro com filetes pintados a um tom mais escuro;  recorte do rebordo em chaveta vastamente pintada por várias fábricas: Rato, Juncal , OAL, Miragaia , Viana, Carvalhinho, Coimbra - Vandelli e,...
  • Faiança de esmalte  levemente anilada com decoração pintada a azul. Na aba, faixa do tipo de "Rouen", com flor entre volutas, alternando com painéis trilobados de fundo azul com meia flor e contas. Bordo recortado com dulplo filete em azul e banda  de flores também em azul.
Fabrico norte (?)
Tenho muitas peças de faiança e o hábito de as comparar para melhor identificação quanto à sua origem. Mote difícil. Este pratinho é um enigma. Apesar do meu estudo ser apenas de horas as semelhanças que atrás apontei remetem-me para um fabrico apurado: arte no rebordo recortado e finura do desenho.
  • Poderá ser uma peça de Miragaia, Darque ou,...
As duas fábricas usaram muito o esmalte estanífero anilado nas suas peças e pintaram contas(bolinhas) .
Quanto a datá-lo outro enigma. Poderá ser do século XVIII ou XIX.
  • O tardoz para mim, assemelha-se a um comum prato de fabrico português.
  • Não conheço este motivo pintado por Coimbra. Mas sim, poderá ter sido fabricado aqui. Será que saiu da mesma fábrica do penico (?) ...depois de horas de o mirar julgo que sim!
norte ou Coimbra ?
Em casa perdi-me a mirá-lo e a comparar um  penico em faiança possivelmente de Coimbra (?). Tais  parecenças senti no esmalte azul/acinzentado e no cobalto da pintura...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Velharias que comprei para a minha filha

   
Ao ver esta pequenita arca na feira de Oeiras, não pude deixar de a  comprar. 
Barata. Fez-me recordar a minha infância.
Quando nasci a minha avó materna Maria da Luz ofereceu-me uma em tamanho normal para começar a fazer o meu enxoval. Apesar dos trambolhões, ainda resiste. Vive numa das minhas casas, comprei-lhe uns pezinhos em madeira na feira de Tomar e serve para guardar a lenha para a lareira.As latinhas a debruar os cantos são verdes, talvez por isso me apaixonei pelo Sporting ao vê-la desde que nasci.

Usaram-se há 60 anos.Esta, possivelmente guardou segredos. Foi arrombada a fechadura. Tivemos de procurar uma chave que desse para a abrir e o meu marido fez-lhe o espelho que não tinha.Ficou igualzinha ao antigamente!


Forrada por dentro e por fora com papel ás flores, uma doçura. O tempo encarregou.-se de o desbotar por fora. Só o fundo e por dentro ainda resiste a traça antiga. 
Falta-lhe também o tabuleiro, ainda se vêem os suportes nos cantos.

Claro que achei logo que a minha filha a ia adorar. Não me enganei. Conheço bem o seu gosto!
Ainda comprei mais umas coisitas...
Comprei-lhe também este bule. Fez-me lembrar os do norte de África, feito por tuaregues.

Não resisti a este clarim em latão e cobre. Ainda pensei  que o poderia vender a bom preço. Ela gostou logo dele. Coisas e loisas que aguardam no seu quarto para depois apreciar na sua casa nova. Sim, a mansarda é tão pequenina que não cabe mais nada!

Um reparo em jeito de rodapé a um comentário que exclui por ser desagradável de uma tal Gertrudes Adosinda não sei das quantas...

Qualquer pessoa de bom gosto aprecia  objetos antigos numa casa minimalista, que é o caso da minha filha.
E, depois gostos não se discutem.Por isso somos todos bem diferentes.Isto para responder a uma intrometida que opinou com desagrado sobre o gosto da minha filha..."coitadinha saiu à mãe". Pois cara D. Gertrudes Adozinha não sei das quantas, não sei se é mãe. Eu sou e, tenho muito orgulho na minha filha. Tomara muita gente ter assim uma. Além de lindíssima,é  boa, generosa, inteligente. A quem ensinei  ter gosto pela cultura dos nossos antepassados. Pois só sabendo se pode avaliar seja o que for. Por isso o país tem solares e quintas ao abandono por falta de pais que não ensinaram os filhos como continuar a manter e preservar e, também no pior pela partilha na herança. Triste é ir a feiras e ver o espólio completo de casas cujos donos morreram...Molduras que estiveram anos na cómoda, rendas, linhos, porcelanas, pratas, ouro, tudo ali está. Porque alguns filhos só se preocupam com o dinheiro que está no banco. Fui bancária. O que me custou mais na minha actividade foi conviver com gente  que lhe tinham morrido os pais, os corpos ainda quentes e acorriam de rajada ao banco à procura da fortuna...
Os gostos são eclécticos.Há tantos blogs de todas as especialidades, por que raio se escandalizou com estas lindas ofertas que fiz para a minha filha.Faltou-me ao respeito e à minha filha também e, isso não lhe admito. Não desço ao seu patamar. SOU UMA SENHORA! 
Digo apenas, vá-se curar !

segunda-feira, 12 de março de 2012

Fábrica da Viúva Alfredo Oliveira de Coimbra (?)

 Este post parece o "Patinho feio"...tal o baixo número de visitantes que o viu!

Prato grande em faiança de Coimbra século XX, raso, praticamente sem fundo decotativo, apresenta os buraquinhos no frete para ser pendurado.Possivelmente fabricado na fábrica Viúva Alfredo de Oliveira. Já vi outro prato com a mesma bordadura assinado.
A bordadura em estampa com patinhos e flores parece-me muito naif , largamente pintada nos finais do século XIX em pratos mais pequenos que ainda se vão vendo pelas feiras.
O centro floral é pintado à mão com a caraterística de algumas folhas serem pintadas a duas cores, uma tradição, tal como as cores: verde, ocre,manganês e o azul. Apresenta ainda um filete fino em azul e outro mais largo e mais escuro no rebordo.
O esmalte apresenta arrepiados.Foi comprado há que tempos numa feira da Costa da Caparica ao Sr Aroucha, vendedor carismático. Ao tentarmos regatear o preço falando nas mazelas ele disse-nos " se não fosse usado não era velho"...

O tardoz apresenta no frete a existência de 3 buraquinhos o que induz que o mesmo seria um prato decorativo para ser pendurado, tal e qual os que se fizeram até aos anos 60 em Coimbra e Alcobaça com versos.

Teve honras na minha sala, até o destituir por substituição de outro brasonado. Tem sido assim ultimamente. O meu marido é que se fascinou com o prato. Eu nem tanto. Julgo que estará guardado num caixote há espera de melhores dias para exposição noutra casa.

terça-feira, 6 de março de 2012

Faiança de Alcobaça ou Coimbra (?)

Prato dito de "Casamento" . Motivo central decorado com um par de corações em azul encimado com a pomba com a chave no bico. Ao limite do covo duplo filetes finos em rosa. Aba decorada com a bordadura floral com folhas em estampa azul singela com filete rosa no rebordo.
Dizem existir mais de vinte variedades. Ainda existem os chamados pratos falantes " Viva os Noivos" e outros com o nome dos noventes, carateristico da fábrica Cavaco, ainda há pouco andou um na feira -, em cima de cada coração Manel e Maria.
aranha em ferro feita artesanalmente
Faiança atribuída a Coimbra ou Alcobaça ao tempo do Manuel da Bernarda (?), na fábrica que viria a ser a OAL pintou-se muito este motivo e o azul e rosa. 
  • Desenho típico pintado desde o século XVI com "corações" e a frase Amor. As flores foram muito pintadas por Coimbra. 
Prato inicio do século XX apresenta o tardoz translúcido com arrepiados no esmalte.
Possível fabrico de Alcobaça ou Coimbra (?).
Inclino-me para Coimbra, pelo barro avermelhado e a cor do esmalte.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Faiança da OAL - Alcobaça


Pratinho da OAL. Assinado. Estado novo.Possivelmente o seu fabrico na década 35/40. Adquirido na feira de Algés a um preço baixo.Curiosamente na última feira de Paço d'Arcos vi um igual, de grande dimensão também assinado, em Algés continuava na banca, melhor sorte tiveram os de Coimbra que já tinham sido vendidos.Pude contudo apreciar na mesma banca outro grande prato com um coração ao centro e a palavra AMOR, na orla arabescos tal qual se pintavam nos ratinhos, uma variante trazida de Coimbra pelo mestre  José dos Reis dos Santos que aqui fundou uma  pequena  fábrica, a primeira em 1875, aos mais leigos facilmente se podem confundir e atribuir o fabrico a Coimbra. Há contudo grandes diferenças, sobretudo no brilho e no esmalte mais apurado que se fabricava em Alcobaça. A pintura do "cavalinho"  distingue -se de todas as demais reproduções  feitas noutras fábricas, parece mais artesanal, apesar de estampa, o desenho apresenta-se ingénuo, com as casinhas feitas à primária e aberto no espaço, apresenta também geralmente rodapés no motivo central em esponjado na palete de cores diria únicas " séptia, castanhos, cinzas, amora, fortes e esbatidas.

Em 1900 a fábrica passa à posse de Manuel Ferreira da Bernarda. A partir de 1927, a criação da «Olaria de Alcobaça» propicia uma viragem total no tipo de produção. Da concorrência salutar que se estabeleceu entre essa fábrica e a «Raul da Bernarda», surge um novo género, seguido pelas novas fábricas criadas pelos antigos funcionários destas duas – é o auge da «louça artística de Alcobaça». Após a Grande Guerra, têm início as exportações. Na década de 50, Alcobaça apresenta criações de design arrojado e, em meados dos anos 80, afirma-se como um dos principais centros cerâmicos nacionais e um dos principais sectores da industria que mais movimentou a economia desta região, ao mesmo tempo que criou imagem de marca, em Portugal e no Mundo.

Num gesto simplista para homenagear a OAL, melhor a faiança de Alcobaça decidi juntar o meu pratinho com decoração "Faixas de Rouen" simplista sem reservas, tão presentes que foram noutras fábricas desde os finais do último quartel do século XVIII : Rato; Brioso; Massarelos e Juncal.
Ao centro uma decoração floral a chamada flor de morangueiro com folhagem de avencas. A cor era obtida de seixos da região que ditavam a tonalidade,  tipo borra de vinho que outros chamam de outras maneiras...morado e,...
Decidi expo-la junto a um covilhete atribuído a Raul da Bernarda. Duas peças de inegável valor. Diferentes de tudo.Espero que também gostem, tal como eu quando o meu olhar se encadeou com ele num cantinho do estaminé quase debaixo dos pés de um hipotético cliente...
Uma das  minhas paixões - pratos pequenos.
Este mesmo assim tem 15 cm, deveria ser de doce.

Faiança do norte de Gaia com flor de avenca a imitar o Juncal

Grande prato em faiança com motivo decorativo simples- ramos de avenca. Numa primeira impressão diz-se que é produção do Juncal. Numa s...