domingo, 30 de maio de 2010

Talhas de cerâmica!



Adoro talhas e talhinhas!
Das antigas, em barro artesanal
De todos os tamanhos e feitios
Esta e outra igual, decoram os jardins do Cristo Rei
Tinham a função de armazenar vinho, no fundo tem um orifício onde se punha a torneira
Os meus sogros ofereceram-me uma média, que tenho na minha casa na província, lindíssima
Foi durante anos a guardadora de chouriços em azeite , tipo despenseira
Naqueles tempos, não existiam frigoríficos, nem havia electricidade na aldeia
Muito antiga, de barro muito grosso, toda elegantemente ornada em círculos espessos, estava negra pelo fumo da fogueira que crepitava ali ao lado ,a cozinha sem chaminé,o fumo esfumava-se por entre as telhas mouriscas
O remédio foi lavá-la no terraço com uma escova de aço
Fiz o que pude, melhorou muito
Jaz no meu salão em cima de um tampo de um pipo que foi entretanto desmantelado
Linda!
Não há ninguém que não goste daquele requinte...
Tenho outra mais fina e leve, com um ligeiro bordado na parte superior,vidrada por dentro a deixar escapar no rebordo que lhe confere uma graça inigualável
A sua função?
Retalhar as azeitonas escolhidas à mão para o ano
Também decora o salão, cheia de paus antigos...manias minhas
Tenho ainda outras pequenas,a mais bonita, um exemplar assado em verde vidrado
Nela se punha o leite mugido no dia, da cabra e das ovelhas, a que se juntava o cardo,tipo de cacto cujas flores azuis secas eram usadas como coalho natural, para o leite coalhar e se fazer a feitura do queijo tradicional na zona, o chamado e conhecido - Queijo do Rabaçal
Esta denominação provêm do travo característico do tomilho que os animais ingerem, ali chamado de erva de Santa Maria
Quanto ao nome porque é conhecido, esse tem haver com as mulheres pobres desses lugarejos, para sobreviverem à pobreza os confeccionarem ,aproveitavam a camioneta do Pereira Marques que lá passava todos os dias a caminho de Coimbra , onde os iam vender no mercado em grandes canastras cobertas com toalhas de linho
Então, não me lembro de as ver à espera da carreira ali no Zambujal, e o cheiro, levavam frescos, meia cura e secos...
Como eu, ainda hoje muita gente gosta de perguntar às vendedeiras a proveniência dos seus produtos, é ou não é?
Naquele tempo no mercado de Coimbra, as mulheres respondiam, é do Rabaçal, porque era a aldeia maior...de nome mais sonante
Este queijo é fabricado nos concelhos de Condeixa,Soure,Pombal, Penela, Ansião e Alvaiázere
Detesto pessoas que ainda hoje quando lhe perguntamos de onde são,persistem, nessa mania de nunca dizerem o nome da sua aldeia, optam por dizer sempre o nome mais sonante da região...é ou não é?
Somos pouco patriotas, deveríamos ter orgulho de dizer , nasci na aldeia de...freguesia de...concelho de... distrito de...
Tanto malhar, até pôr a aldeia amada no mapa deste país minúsculo à beira mar plantado...alguém um dia escreveu isto..ah, pois é!
Sou uma louca por talhas, deve ser pela minha ascendência fenícia...
Risos!

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